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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 312<br />

"brasileiros" <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de do Porto, pois o inquérito acima referido não contempla a ci<strong>da</strong>de<br />

e, por outro lado, a aquela designação tinha apenas o valor de uma alcunha, excepto<br />

para os que passaram a adoptar a nacionali<strong>da</strong>de respectiva, pelo que só ocasionalmente<br />

emerge <strong>no</strong>utros registos de tipo administrativo. Nesta última acepção, apontemos duas<br />

pistas, ain<strong>da</strong> que muito redutoras na sua significação - os almanaques <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e os<br />

censos.<br />

Os almanaques, nas suas listagens de negociantes e proprietários nacionais<br />

costumavam trazer a indicação dos brasileiros, com a referência "(brz.)" a seguir ao<br />

<strong>no</strong>me, revelando a ambigui<strong>da</strong>de inerente à sua identi<strong>da</strong>de, pois distinguiam-se de algum<br />

modo dos nacionais, mas não eram considerados explicitamente estrangeiros, existindo<br />

para estes listas próprias. A ambigui<strong>da</strong>de desta dupla nacionali<strong>da</strong>de era utiliza<strong>da</strong><br />

proveitosamente pelos "brasileiros", pois permitia-lhes a si ou à família escapar de certas<br />

obrigações, por exemplo, o serviço militar ou as obrigações electivas para cargos<br />

administrativos que na altura eram considerados, ao nível do poder local, como um fardo<br />

pesado, podendo, por outro lado, requerer a nacionali<strong>da</strong>de portuguesa sempre que o<br />

desejassem. Não faltaram casos de indivíduos que ocultavam a sua anterior opção pela<br />

nacionali<strong>da</strong>de brasileira e se apresentavam cá como portugueses. 28 Tendo em conta que<br />

os almanaques eram meios de publici<strong>da</strong>de e que, em última análise só se listavam os<br />

<strong>no</strong>mes dos que o solicitassem, logo com a probabili<strong>da</strong>de de muitos escaparem,<br />

avancemos, então, alguns números que representam apenas o conjunto de negociantes<br />

com porta aberta na praça, de nacionali<strong>da</strong>de brasileira, mas, na prática, emigrantes de<br />

<strong>retor<strong>no</strong></strong>29 :<br />

A<strong>no</strong> - Nº de negociantes<br />

1838 - 16330 1854 - 18731 1862 - 7532 17 a<strong>no</strong>s. A lista de <strong>retor<strong>no</strong></strong>s dá-o como regressado em 1867, presumindo-lhe 70 contos de réis como<br />

riqueza. Faleceu <strong>no</strong> Rio de Janeiro, numa última viagem, <strong>da</strong>s muitas que realizou quer na América, Europa<br />

e até ao Oriente.<br />

28 Não podemos esquecer que a política brasileira procedia a "nacionalizações força<strong>da</strong>s" como política de<br />

fixação e integração, pois, em diversos momentos legislativos, o imigrante desde que não declarasse a sua<br />

oposição perante as autori<strong>da</strong>des, passava a ser tacitamente brasileiro.<br />

29 Embora <strong>da</strong> lista constassem como portugueses alguns que também o eram, como pudemos confrontar<br />

com diversos <strong>no</strong>mes.<br />

30 Segundo Directorio <strong>da</strong> Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal, e Invicta Ci<strong>da</strong>de do Porto e Vila Nova de Gaia<br />

para o an<strong>no</strong> de 1838, Porto, Typographia Commercial Portuense, 1838, pp. 98-103.<br />

31 Segundo o Almanak Commercial, Judicial e Administrativo do Porto e seu Districto para o an<strong>no</strong> de<br />

1854-1855, Porto, Typ. J.L. de Sousa, 1854, pp. 445-503.<br />

32 Segundo OLIVEIRA, Antonio Augusto de, Almanak Portuense para o an<strong>no</strong> de 1862, Porto,

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