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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 228<br />

referi<strong>da</strong>, mostrando que os condicionalismos burocráticos tiveram o seu impacto real na<br />

<strong>emigração</strong>. Sendo embora discutível o seu papel de travão <strong>no</strong> fluxo migratório, a<br />

legislação conduziu, pelo me<strong>no</strong>s, à alteração dos comportamentos, levando a uma clara<br />

antecipação <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des dos emigrantes, com to<strong>da</strong>s as consequências que isso implica ao<br />

nível <strong>da</strong>s qualificações literárias, profissionais e de auto<strong>no</strong>mia pessoal, contribuindo de<br />

forma inequívoca para a desqualificação do emigrante português <strong>da</strong> época. Mesmo<br />

ig<strong>no</strong>rando, por agora, a incidência <strong>da</strong> clandestini<strong>da</strong>de emergente neste contexto, podemos<br />

falar de um efeito perverso <strong>da</strong> legislação face aos seus objectivos propostos.<br />

Na déca<strong>da</strong> de 70, a pirâmide respectiva só assume a configuração delinea<strong>da</strong> <strong>no</strong><br />

grafismo por 1877, revelando a clara supremacia dos adultos, parecendo controla<strong>da</strong>, mas<br />

não extinta a corrente de jovens, que continuam a viajar sozinhos e de tenra i<strong>da</strong>de<br />

conforme os registos de passaportes deixam perceber. Sublinhe-se o crescimento <strong>da</strong><br />

<strong>emigração</strong> feminina e a permanência <strong>da</strong>s crianças a sublinhar a parti<strong>da</strong> de famílias<br />

completas, na resposta ao apelo brasileiro <strong>da</strong> época e, naturalmente, em função <strong>da</strong>s<br />

condições locais de parti<strong>da</strong>, já que só partem os que vislumbram uma hipótese, ain<strong>da</strong> que<br />

mínima, de melhoria <strong>da</strong> sua situação.<br />

Os grafismos representando as duas déca<strong>da</strong>s finais não se distinguem muito <strong>da</strong><br />

anterior, devendo sublinhar-se, to<strong>da</strong>via, a recuperação do grupo etário dos 10-14 a<strong>no</strong>s,<br />

que toma de <strong>no</strong>vo a dianteira, quando anteriormente já parecia domado.<br />

Este tipo de observação sobre a natureza etária <strong>da</strong> <strong>emigração</strong> apresenta, porém,<br />

algumas limitações. Uma delas é, sem dúvi<strong>da</strong>, o não se relacionar com a população<br />

potencial, aspecto que procuraremos contornar, calculando as taxas de <strong>emigração</strong> por<br />

grupos de i<strong>da</strong>des. É um exercício a realizar só para os a<strong>no</strong>s de 1864 e 1878, a<strong>no</strong>s para os<br />

quais estão disponíveis as estruturas etárias <strong>da</strong> população de acordo com os censos<br />

respectivos. Este exercício tem a vantagem de ultrapassar o carácter sintético <strong>da</strong>s taxas<br />

brutas globais, já que a distribuição etária duma população não é homogénea, pelo que<br />

em determinados níveis há maior potencial demográfico do que em outros, devido aos<br />

efeitos acumulados <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de diferencial e dos vários tipos de migração. O Porto,<br />

enquanto detentor de altas taxas de mortali<strong>da</strong>de, mormente <strong>no</strong> espaço urba<strong>no</strong>, e um<br />

grande poder de atracção que se estende para além do distrito, <strong>da</strong>do a natureza<br />

aglomeradora <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, é susceptível de apresentar esses efeitos, por vezes de natureza<br />

contraditória.<br />

A disponibilização <strong>da</strong> <strong>emigração</strong> por i<strong>da</strong>des permite-<strong>no</strong>s, pois, relacioná-la com o<br />

potencial demográfico do respectivo estrato de i<strong>da</strong>des, revelando, de alguma forma a<br />

propensão a emigrar <strong>da</strong> população do distrito do Porto e ultrapassando a natureza<br />

absoluta dos números anteriormente avançados (Gráf. 5.9). Fazemos esse cálculo também

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