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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 384<br />

<strong>no</strong>rmalmente solicita<strong>da</strong>s por influentes locais, em particular os párocos. Foi assim que do<br />

Brasil vieram importantes verbas para os asilos de Portugal, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1862, a partir dum<br />

alvitre <strong>da</strong> condessa de Tomar que acompanhava o marido (Conde de Tomar, ou seja,<br />

Costa Cabral) como representante plenipotenciário, num movimento que envolveu a<br />

colónia portuguesa, não só do Rio de Janeiro como de todo o país, incluindo os próprios<br />

brasileiros: ofertas, leilões, recitais (<strong>no</strong>s quais colaboraram, por exemplo, Fausti<strong>no</strong> Xavier<br />

de Novais178 ou o pianista Artur Napoleão, então ali radicados), e que permitiu o envio de<br />

10 mil libras para uma comissão distribuidora em Portugal, presidi<strong>da</strong> pelo rei D.<br />

Fernando179 . Movimento idêntico se processou em 1877, em favor <strong>da</strong>s vítimas <strong>da</strong>s<br />

catastróficas inun<strong>da</strong>ções verifica<strong>da</strong>s nesse a<strong>no</strong> e <strong>no</strong> anterior em Portugal, tendo o<br />

resultado final <strong>da</strong> subscrição atingido 190 contos <strong>no</strong> Brasil, contra 120 subscritos em<br />

Portugal180 .<br />

6.4 - Biografias<br />

A micro-história, tendo como suporte as biografias, tem ocupado uma parte<br />

substancial deste último capítulo, como forma de aceder às mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des de inserção<br />

social <strong>no</strong> <strong>retor<strong>no</strong></strong>. Valorizámos, então, o elemento processual <strong>da</strong>s lógicas migratórias,<br />

depois de, numa outra perspectiva, termos esboçado as configurações estruturantes em<br />

que se inserem.<br />

Recuperando to<strong>da</strong> a espécie de documentos referenciáveis a ca<strong>da</strong> ex-emigrante<br />

(numa prática heurística que não tem fim), aproximamo-<strong>no</strong>s dos seus gestos e <strong>da</strong>s suas<br />

vivências, do seu sentir, valorizando o campo <strong>da</strong>s decisões pessoais e <strong>da</strong> interacção.<br />

178 Fausti<strong>no</strong> Xavier de Novais, poeta e dinamizador de publicações literárias (O Bardo, 1852-54), amigo<br />

de Camilo, é um exemplo <strong>da</strong> transposição de intelectuais para o Brasil, aonde tudo fez, de resto, para a<br />

aproximação cultural luso-brasileira. Parte em 1858, <strong>da</strong>ndo como profissão para o passaporte "empregado<br />

<strong>no</strong> Banco Comercial". Em 1860, chegava a <strong>no</strong>tícia <strong>da</strong> abertura do seu estabelecimento <strong>no</strong> Rio de Janeiro,<br />

rua Direita, nº 66, "aonde se encontram todos os objectos que dizem respeito a um optimo e serio<br />

escriptorio". Cf. "Brazil", C.P., de 1 de Junho de 1860. A casa terá pouco sucesso, aparecendo mais tarde<br />

como re<strong>da</strong>ctor dos relatórios <strong>da</strong> Câmara de Comércio, e a colaborar em diversas publicações, depois de ter<br />

falhado mais uma experiência com o "Futuro", aonde colaboraram escritores portugueses por sua<br />

solicitação, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente Camilo e Ana Plácido. Cf. GALVÃO, José, "Ain<strong>da</strong> a Figura e Obra de Fausti<strong>no</strong><br />

Xavier de Novais", O Tripeiro, Série Nova, A<strong>no</strong> IX, nº 9, Setembro de 1990, pp. 277-282.<br />

179 O jornal O Comércio do Porto colaborou activamente nesta campanha, <strong>da</strong>ndo conta de todos os passos<br />

do movimento e publicando listas de subscritores, ao longo de 1862 e 1863. Cf., especialmente, o artigo<br />

"Subscripção <strong>no</strong> Brazil para os asylos", C.P., de 22 de Setembro de 1862.<br />

180 Cf. "Subscripção do Brazil para os inun<strong>da</strong>dos", C.P., de 24 de Novembro de 1881. Em 1877, perante as<br />

<strong>no</strong>tícias de grande seca <strong>no</strong> Ceará, com múltiplas mortes à fome, entre elas muitos emigrantes, forma-se <strong>no</strong><br />

Porto, quando era presidente <strong>da</strong> Associação Comercial o "brasileiro" Conde de Silva Monteiro, uma<br />

comissão a que este preside, que organiza subscrições e saraus, remetendo para o Brasil cerca de 21 contos<br />

brasileiros. Entre os diversos artigos a este respeito, cf. o relatório final, in "Socorros para o Ceará", C.P.,<br />

de 16 de Dezembro de 1877.

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