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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 72<br />

ligação à agricultura, configurando a ideia de o comércio do Porto controlar nichos do<br />

mercado brasileiro, com to<strong>da</strong> a certeza ligados a comerciantes de origem minhota,<br />

afastado que está <strong>da</strong>s grandes oportuni<strong>da</strong>des, domina<strong>da</strong>s pelos estrangeiros, e,<br />

naturalmente, pelo crescimento do artesanato e indústria brasileira que emergiram,<br />

embora lentamente, a partir de 1808, conforme salienta a historiografia brasileira 83 .<br />

Por outro lado, se acompanharmos a imprensa portuense <strong>no</strong>s relatos minuciosos<br />

dos seus correspondentes sobre o estado do mercado brasileiro, apercebemo-<strong>no</strong>s <strong>da</strong><br />

gradual substituição dos produtos portugueses. Em 1844, afirma-se que a quebra de<br />

consumo de chapéus de Braga, se ficava a dever ao estabelecimento de fábricas em<br />

Minas e Rio Grande e à preferência <strong>da</strong><strong>da</strong> aos de palha, vindos do Chile, mais leves e<br />

duradouros; aponta-se a permanente quebra <strong>no</strong> consumo do linho substituído pelo<br />

algodão inglês mais barato 84 . Em 1860, dá-se conta que as "ferragens" i<strong>da</strong>s do Porto já<br />

não conseguem competir com as de Inglaterra, apesar de ain<strong>da</strong> haver fazendeiros que<br />

pedem machados, foices e enxa<strong>da</strong>s do Porto porque querem "obra segura e forte", "mas<br />

os inglezes, sabendo que os consumidores de taes objectos preferem a obra do Porto,<br />

teem tractado de imitar tudo. As enxa<strong>da</strong>s, por exemplo, são identicas, até na marca",<br />

apesar de pesarem me<strong>no</strong>s, e o mesmo processo se verifica nas fechaduras, a ponto de nas<br />

remessas do Rio para o interior se <strong>no</strong>tar na factura "tantas fechaduras inglezas á<br />

portugueza..." 85<br />

Não admira, assim, que o quadro <strong>da</strong> balança comercial <strong>no</strong>s apresente um saldo<br />

negativo neste a<strong>no</strong> de 1859-60, apesar de o Brasil ser o segundo melhor cliente do Porto,<br />

depois <strong>da</strong> Inglaterra (que absorve 77% <strong>da</strong>s exportações), somando ambos os países 91%<br />

do comércio exter<strong>no</strong> portuense.<br />

83 Cf. JÚNIOR, Caio Prado, ob. cit., pp. 147-157.<br />

84 Periódico dos Pobres <strong>no</strong> Porto, nº 129, de 03.06.45.<br />

85 "Brazil", O Commercio do Porto, de 4 de Agosto de 1860.

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