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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista<br />

marcado pelo paternalismo, em consonância com o produzido pelo governador civil,<br />

sublinhando dois tipos de preocupações:<br />

a) - a ruína <strong>da</strong> pátria, na sua componente agrícola: "Quando a <strong>no</strong>ssa patria deplora<br />

o ingrato abando<strong>no</strong>, a que seus filhos mais validos, na flor <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, e com pregnante<br />

ingratidão a sacrificam, privando-a de seu valioso e honesto trabalho, cuja falta vae<br />

reduzir seus campos a completa estereli<strong>da</strong>de, abandonando-a a braços invalidos e<br />

impotentes para poderem prestrar-lhe trabalhos agricolas, que possam evitar a penuria<br />

que já se antolha"...<br />

b) a denúncia <strong>da</strong>s condições de engajamento, para " a mortífera e inhospita região,<br />

distante do mar quarenta e cinco legoas [...] em dilata<strong>da</strong> e perigosa viagem, e fixarem sua<br />

residência, e empregarem seus braços na roteação do inculto terre<strong>no</strong>, que apenas alguns<br />

escravos podem habitar, mas nem em to<strong>da</strong>s as estações do an<strong>no</strong>, tal é a inclemencia e<br />

mortan<strong>da</strong>de nas margens d'aquelle <strong>no</strong>tavel rio, cemiterio dos estrangeiros, que ali fazem<br />

paragem".<br />

Exortando os párocos a <strong>da</strong>r bons conselhos e a persuadirem os seus paroquia<strong>no</strong>s do<br />

carácter perigoso e funesto <strong>da</strong> <strong>emigração</strong>, o Arcebispo ordena a publicação <strong>da</strong> pastoral na<br />

missa conventual em dois dias santificados, insistindo na dramatização do quadro que se<br />

depararia aos emigrantes : "Não deixem os Reverendos Parochos de descrever a seus<br />

jovens parochia<strong>no</strong>s as lamentaveis circumstancias, que acompanharão seu finamento,<br />

abandonados de suas familias, parentes e amigos, e até, talvez, dos socorros espirituaes<br />

estabelecidos pela Santa Egreja Catholica para a hora do finamento de seus filhos" ...<br />

Esta posição oficial <strong>da</strong> Igreja na<strong>da</strong> tem a ver com a prática paroquial intimamente<br />

liga<strong>da</strong> à <strong>emigração</strong>. Na prática, a relação entre o corpo doutrinal e as personali<strong>da</strong>des<br />

singulares não escapa ao processo de osmose que a interacção quotidiana promove entre os<br />

indivíduos. Poderia o pastor estar em dissonância com as suas ovelhas? De resto, sendo a<br />

<strong>emigração</strong> legal basea<strong>da</strong> na certidão de nascimento passa<strong>da</strong> pelo pároco (na ausência do<br />

registo civil que ain<strong>da</strong> se fazia sentir), não admira até que haja uma ou outra suspeita sobre<br />

pequenas alterações de i<strong>da</strong>des, com consequências relevantes em todo o processo. Por<br />

vezes, surge mesmo a denúncia, como a que foi comunica<strong>da</strong> ao Bispo do Porto e ao<br />

Procurador Régio contra o pároco encomen<strong>da</strong>do de Serzedo (Gaia), que "abusando <strong>da</strong> boa<br />

fé do Reverendo Reitor [...] passou falsamente uma certidão de baptismo de um filho de<br />

Manuel Coelho Canelas por <strong>no</strong>me Domingos, declarando que ele havia nascido <strong>no</strong> 1º de<br />

Fevereiro de 1851, quando ele nasceu <strong>no</strong> 1º de Fevereiro de 1849, e a submeteu<br />

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