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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista<br />

profundo desta reali<strong>da</strong>de (um pároco de Vila Nova <strong>da</strong> Telha), por volta dos a<strong>no</strong>s 80 do<br />

século passado, ou seja um século depois <strong>da</strong> imagem que as listas de ordenanças <strong>no</strong>s<br />

fornecem e que atrás foi descrita:<br />

"Ca<strong>da</strong> freguesia tem a sua industria e a d'esta [Nogueira] é a de móveis de pinho;<br />

a de Barca e Vermoim páos de sóccos e colheres de pao; a de Gueifães pregueiros; a de<br />

S. Mamede de Infesta os homens trabalhadores <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e as molheres lavandeiras;<br />

Ramalde tecelões; Custóias montantes de S. Gens; Leça pedreiros e carpinteiros;<br />

Milheirós moleiros; Aguas Sanctas fornecedores de gado vacum e ovelhum para a<br />

Ci<strong>da</strong>de o que chamam regatões; Moreira pedreiros e carpinteiros <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e as<br />

molheres fiadeiras de algodão e negocio de canastra; Vila Nova <strong>da</strong> Telha serradores,<br />

pedreiros e as molheres trapeiras ou farrapeiras e rapazes e raparigas pinheiras; Santa<br />

Cruz bombeiros e marinheiros e as mulheres costureiras, fiteiras e obras de agulha de<br />

meia" 12 . No que se referia a Nogueira, o mesmo autor assinalava o importante comércio<br />

que a freguesia tinha com a ci<strong>da</strong>de do Porto, para onde man<strong>da</strong>va caixas, mesas, cadeiras,<br />

masseiras e outros móveis de pinho para a "feira <strong>da</strong>s caixas", hoje Praça de Carlos<br />

Alberto, às terças e sábados de ca<strong>da</strong> semana ou para lojas a aguar<strong>da</strong>rem procura13 .<br />

Assim, se algum artesão podia ter a sua localização fixa e procurar distribuidores<br />

ou distribuir ele mesmo os produtos, outros, como era o caso dos ligados à construcção<br />

civil, deambulavam à procura <strong>da</strong> oferta de serviço, voltando periodicamente à terra,<br />

sendo que <strong>no</strong>s casos em que a ocupação ocorria na ci<strong>da</strong>de esse <strong>retor<strong>no</strong></strong> assumia uma<br />

regulari<strong>da</strong>de semanal, que se traduzia numa pendulari<strong>da</strong>de alarga<strong>da</strong> campo-ci<strong>da</strong>de.<br />

A possibili<strong>da</strong>de de acompanhamento familiar, os custos de aprendizagem, o<br />

rendimento familiar acrescido, o "segredo" na transmissão de certas artes, tudo isso<br />

contribuía para que o artesanato se reproduzisse socialmente, existindo famílias que ao<br />

longo <strong>da</strong>s gerações cultivavam a mesma activi<strong>da</strong>de, sobretudo nas profissões que exigiam<br />

um aperfeiçoamento mais refinado. Mas o artesanato era invadido continuamente pelo<br />

ingresso de indivíduos vindos de casas de lavradores, as quais, <strong>no</strong> processo de<br />

distribuição profissional <strong>da</strong> descendência, reservavam a terra para um dos filhos ou filhas<br />

(além do provimento <strong>da</strong>s "reservas" para os ascendentes e filhos solteiros, como modo de<br />

assegurar a subsistência, agasalho e amparo <strong>no</strong>s períodos de velhice e isolamento), pelo<br />

que os descendentes não privilegiados tinham como desti<strong>no</strong> a "arte", aprendi<strong>da</strong> fora de<br />

casa, acompanhando a errância de outros oficiais e mestres que lhes serviam de<br />

enquadramento.<br />

12 AZEVEDO, Pe. Joaquim Antunes, manuscrito de <strong>no</strong>tas sobre as Terras <strong>da</strong> Maia, 3º cader<strong>no</strong>, p. 51vº .<br />

13 Idem, ibidem, p. 51.<br />

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