15.04.2013 Views

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista<br />

de Lisboa para S. Paulo <strong>no</strong> vapor inglês Santos, à ordem de Augusto Gavião Peixoto, numa<br />

altura em que praticamente os contratos de locação de serviços já quase se não praticavam,<br />

os quais seguiam com obrigações bastante onerosas, sendo interceptados pelo cônsul que<br />

obrigou à sua libertação, pagando as despesas de viagem e arranjando-lhes serviço livre<br />

melhor remunerado134 . Ou mais tarde, em 1886, na via de clandestini<strong>da</strong>de que corria por<br />

Vigo, como <strong>no</strong>s relata o vice-consul nessa ci<strong>da</strong>de, ao identificar agentes de <strong>emigração</strong><br />

clandestina em Portugal conluiados com "los consignatarios de los Vapores, cujo unico<br />

deseo, es embarcar el maior número de passageros sin importarles su prodecencia",<br />

referindo os passaportes falsos ou os embarques "fuera de la ria, á donde son conducidos<br />

en botes que esperam la veni<strong>da</strong> del Vapor" 135 .<br />

A clandestini<strong>da</strong>de existia, sem qualquer tipo de dúvi<strong>da</strong>, e, <strong>no</strong> Porto, estavam<br />

perfeitamente identificados os navios e os respectivos proprietários que eram "useiros e<br />

vezeiros" <strong>no</strong> transporte de clandesti<strong>no</strong>s e outras ma<strong>no</strong>bras ilegais. Por outro lado, como<br />

<strong>porto</strong> de embarque, recaía sobre as autori<strong>da</strong>des <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de (Governador Civil, Intendência <strong>da</strong><br />

Marinha, Polícia Marítima) a responsabili<strong>da</strong>de final sobre os actos de clandestini<strong>da</strong>de<br />

efectuados <strong>no</strong>utros distritos, sendo extremamente frequentes os de Braga, o que, em termos<br />

nacionais, fazia sobressair o Porto como um dos principais centros de falsificação, na<br />

medi<strong>da</strong> em que era por aqui que se escoava o maior volume <strong>da</strong> <strong>emigração</strong> continental e<br />

onde decorria o último acto fiscalizador antes <strong>da</strong> parti<strong>da</strong> - a visita ao navio. Mas,<br />

sobretudo, a <strong>emigração</strong> efectuava-se com grande desregulação, para o que contribuíam os<br />

diferentes comportamentos <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des <strong>no</strong>s dois lados do Ocea<strong>no</strong>. A este respeito basta<br />

lembrar a dispari<strong>da</strong>de existente entre o preconizado <strong>no</strong> que respeita às multas por transporte<br />

clandesti<strong>no</strong> ou ilegal (quase simbólicas por parte do Brasil) ou a relação entre o número de<br />

passageiros e a tonelagem, desde os diferentes procedimentos para o cálculo desta ao<br />

"ratio" estabelecido, mais elevado em Portugal (2 passageiros/5 tonela<strong>da</strong>s) do que <strong>no</strong> Brasil<br />

(1/1): de resto, o "ratio" português era o mais elevado em termos europeus, pois o inglês era<br />

de 1/2, facto que levantava críticas aos transportadores, na medi<strong>da</strong> em que punha fora de<br />

concorrência as viagens em barcos portugueses pela elevação dos custos, contribuindo para<br />

acelerar o fosso com os vapores ingleses, uma vez que os regulamentos a cumprir eram os<br />

do <strong>porto</strong> de origem. Neste caso, um navio de 500 tonela<strong>da</strong>s de arqueação, podia legalmente<br />

transportar 200 passageiros se saísse de Portugal, 250 se saísse de Inglaterra e 500 se saísse<br />

de países onde não havia regulamentos e <strong>no</strong> qual se aplicava, então, o brasileiro.<br />

134 Documentos Apresentados ás Cortes... , docs. 212 e 217, pp. 195-199.<br />

135 A.G.C.P., Maço de Correspondência recebi<strong>da</strong>, 1886, M709.<br />

178

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!