15.04.2013 Views

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Jorge Fernandes Alves – Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 280<br />

É, portanto, um exercício reducionista, que <strong>no</strong>s coloca perante uma parte apenas<br />

<strong>da</strong> <strong>emigração</strong>, nas proporções acima referi<strong>da</strong>s, que variam entre 40 a 90% do fluxo<br />

(Quadro 5.14), e que apenas <strong>no</strong>s permite avaliar grosseiramente qual seria a <strong>emigração</strong><br />

específica do distrito se não existisse o efeito <strong>da</strong> atracção litoral e urbana deste espaço.<br />

Em termos quantitativos e absolutos, a fieira dos 5 concelhos litorais (num total<br />

distrital de 17) garante sensivelmente metade deste fluxo migratório: são concelhos<br />

populosos (V.N. de Gaia, Porto, Vila do Conde, Bouças e Póvoa de Varzim), aonde a<br />

tradição migratória tem um grande peso que remonta ao século XVIII. Os concelhos de<br />

V.N. de Gaia e Porto garantem só por si cerca de 30% <strong>da</strong>s saí<strong>da</strong>s e ocupam<br />

alterna<strong>da</strong>mente a primazia <strong>no</strong> número de emigrantes.<br />

A <strong>emigração</strong> deve, <strong>no</strong> entanto, ser confronta<strong>da</strong> com o potencial demográfico que<br />

a sustenta, pois só assim, podemos avaliar em termos relativos a intensi<strong>da</strong>de migratória<br />

(Graf. 5.16). Assim, podemos desde logo verificar que, <strong>no</strong> que respeita aos seus naturais,<br />

o espaço urba<strong>no</strong> do Porto, apesar de produzir mais <strong>emigração</strong> em números absolutos, se<br />

torna um meio social me<strong>no</strong>s expulsivo do que o rural, pois apresenta taxas de <strong>emigração</strong><br />

comparativamente mais baixas, numa tendência descendente, o que, conjugado com a<br />

crescente atracção urbana, só será possível através de um efectivo crescimento<br />

económico, capaz de absorver ca<strong>da</strong> vez mais força de trabalho. Repare-se que, por 1855 e<br />

1864, só o concelho interior de Baião apresenta uma taxa bruta de <strong>emigração</strong> mais baixa,<br />

embora em 1855 essa situação se verifique ain<strong>da</strong> com a Póvoa e o Marco de Canavezes.<br />

Para os restantes concelhos as taxas flutuam a níveis mais elevados do que os do espaço<br />

urba<strong>no</strong>, devendo sublinhar-se que concelhos limítrofes ou próximos do Porto, mas a<br />

leste, ou seja, ain<strong>da</strong> sem grande nível interiorização (Valongo, Penafiel, Gondomar,<br />

Paredes), com contactos frequentes com a ci<strong>da</strong>de, são os que apresentam maiores níveis<br />

de <strong>emigração</strong> relativa.<br />

A forte atenuação <strong>da</strong> <strong>emigração</strong> na zona urbana (de 5,8‰, em 1855, para 1,4‰,<br />

em 1890) e a manutenção, com ligeiras oscilações <strong>no</strong>s indicadores <strong>da</strong>s zonas rurais<br />

mostra que, se a ci<strong>da</strong>de oferece melhores condições aos seus habitantes, em termos de<br />

mercado de trabalho, já não seduz o camponês com a força atractiva de antigamente. Nos<br />

finais do século o êxodo rural encontrou uma saí<strong>da</strong> mais directa na <strong>emigração</strong>.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!