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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 303<br />

sua trajectória, desenhando o calendário dos acontecimentos migratórios, permitiria um<br />

conhecimento aprofun<strong>da</strong>do do fenóme<strong>no</strong>, mas para isso tornava-se indispensável a<br />

existência de registos próprios, que fornecessem indicações de identificação suficientes<br />

para os retornados. Que o repatriamento, para além do seu fluxo <strong>no</strong>rmal, correspondendo<br />

aos que terminaram o seu ciclo migratório, com sucesso ou insucesso, oscila bruscamente<br />

em relação à conjuntura dos países de recepção, não há dúvi<strong>da</strong>. Basta pensarmos <strong>no</strong><br />

e<strong>no</strong>rme movimento de <strong>retor<strong>no</strong></strong> que se gerou por volta de 1914, com a <strong>emigração</strong> do<br />

Brasil, em que as entra<strong>da</strong>s em Portugal ultrapassaram as saí<strong>da</strong>s18 .<br />

6.1.3 - Re<strong>emigração</strong><br />

Mas poderá reduzir-se o movimento <strong>da</strong> <strong>emigração</strong> a este jogo <strong>da</strong> parti<strong>da</strong> e do<br />

<strong>retor<strong>no</strong></strong>, não é ele, em grande parte, falacioso? Com efeito, se introduzirmos a questão de<br />

os "desembarcados" não constituírem apenas emigrantes em <strong>retor<strong>no</strong></strong> definitivo, mas<br />

incluírem também emigrantes em trânsito, ou seja, indivíduos que vêm à terra visitar a<br />

família, tratar de negócios ou, simplesmente, com a ideia de ficar mas a quem a<br />

reintegração se torna difícil, voltando a embarcar posteriormente, ou ain<strong>da</strong> os que se<br />

fixam para voltar a sentir a necessi<strong>da</strong>de de partir mais tarde, a questão matiza-se um<br />

pouco. Na ver<strong>da</strong>de, como são estes considerados na sua segun<strong>da</strong> parti<strong>da</strong>? A questão<br />

ganha acui<strong>da</strong>de, à medi<strong>da</strong> que os progressos <strong>da</strong> navegação se fazem sentir, diminuindo os<br />

custos e tempos de viagem, permitindo a muitos emigrantes uma ou mais viagens à terra<br />

natal, ou mesmo optarem por uma <strong>emigração</strong> intercala<strong>da</strong>, com períodos mais ou me<strong>no</strong>s<br />

longos de fixação na terra natal e parti<strong>da</strong> sempre que a situação económica e/ou social o<br />

aconselhe. Mas para a maioria dos textos oficiais que abor<strong>da</strong>m o <strong>retor<strong>no</strong></strong>, a análise é<br />

quase sempre dicotómica: uns poucos regressam ricos; a grande maioria dos que<br />

retornam chegam doentes e/ou desiludidos.<br />

Tanto quanto conseguimos apurar, a primeira vez que a questão se colocou de<br />

outra forma aos serviços de <strong>emigração</strong> foi em 1937, na reorganização dos serviços que<br />

passavam a estar incluídos na Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (P.V.D.E.). Os<br />

serviços então montados, passaram a interrogar todos os indivíduos que retornavam,<br />

procurando esclarecer as causas de abando<strong>no</strong> dos respectivos países. Assim, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de<br />

18 A proporção dos repatriados sobre os emigrantes que partiram, foi, em 1913, de 44,3% e, em 1914, de<br />

158,1%. Cf. CARQUEJA, Bento, O Povo Portuguez - aspectos sociaes e eco<strong>no</strong>micos, Porto, Livraria<br />

Chardron, 1916, p. 415.

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