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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista<br />

desta época, <strong>no</strong> que se refere ao Porto, não refere o clandesti<strong>no</strong> sem passaporte como<br />

problema de maior, embora reconheça a sua existência. Pelo contrário, são múltiplas as<br />

referências elogiosas neste aspecto, ao contrário do que se passava <strong>no</strong>s Açores, já o mesmo<br />

não acontecendo quanto ao me<strong>no</strong>r rigor <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des portuenses <strong>no</strong> que se refere à<br />

contratação leonina pratica<strong>da</strong> pelos engajadores: salários baixos137 e três a<strong>no</strong>s de serviço<br />

obrigatório ( mesmo quando a lei brasileira só passou a permitir celebrá-los por dois a<strong>no</strong>s),<br />

<strong>no</strong>s contratos que <strong>no</strong>rmalmente se faziam para Cantagalo, às ordens do Barão de Nova<br />

Friburgo, um português de origem; quer pela ilegali<strong>da</strong>de e fuga às autori<strong>da</strong>des consulares<br />

<strong>no</strong>s que se faziam para a Agência Central de Colonização, representa<strong>da</strong> <strong>no</strong> Porto por<br />

António Joaquim de Andrade Villares, cujos colo<strong>no</strong>s eram frequentemente rejeitados e<br />

abandonados ou retidos durante meses, onerando-se em 1$000 diários, até encontrarem<br />

possibili<strong>da</strong>des de locação conveniente à Companhia; e ain<strong>da</strong> situações de espontanei<strong>da</strong>de<br />

de alguns transportadores que levavam jovens sem qualquer contrato prévio, cujos serviços<br />

eram leiloados a bordo em pagamento <strong>da</strong> passagem.<br />

Isto não significa que não havia clandesti<strong>no</strong>s a bordo, pois como vimos, era<br />

praticamente impossível evitar tais situações: havia sempre alguém escondido <strong>no</strong> porão,<br />

que se ocultara na hora <strong>da</strong> confusão do desamarrar, quando as catraias arrastavam o navio<br />

para fora do Porto e vários indivíduos saltavam para o interior a soltar as cor<strong>da</strong>s; havia a<br />

conivência com o cozinheiro ou algum marinheiro; havia, enfim, os que os do<strong>no</strong>s ou<br />

capitães dos navios introduziam em combinação prévia. Se tentarmos um exercício de<br />

levantamento <strong>da</strong> proporção de clandestini<strong>da</strong>de, com base <strong>no</strong>s navios cuja fiscalização à<br />

chega<strong>da</strong> ao Brasil detectou clandesti<strong>no</strong>s, obtemos o resultado do Quadro 4.6. Sublinhe-se<br />

que os cerca de 8% atingidos não representam a clandestini<strong>da</strong>de geral, mas tão só a destes<br />

casos, alguns dos quais apresentam situações extremas e por isso se tornaram polémicos.<br />

Entretanto, em numerosos navios não apareceram clandesti<strong>no</strong>s e em alguns destes aqui<br />

referenciados os passageiros adventícios foram mesmo apresentados pelos capitães<br />

respectivos, enquanto outras embarcações são, pelo contrário, claramente reincidentes.<br />

Sendo difícil de generalizar estes níveis de clandestini<strong>da</strong>de, é de admitir que a proporção de<br />

8% baixasse de forma sensível <strong>no</strong> cômputo geral, atendendo aos milhares de passaportes<br />

emitidos anualmente, o que torna credível a avaliação <strong>da</strong> clandestini<strong>da</strong>de para este período<br />

em 5%, como defendem os autores acima referidos.<br />

137 Normalmente os ajustamentos eram em moe<strong>da</strong> fraca (brasileira) que representava cerca de 50% <strong>da</strong> forte<br />

(portuguesa), facto que criava ilusões <strong>no</strong>s engajados.<br />

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