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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 247<br />

para o Brasil eram vulgares <strong>no</strong>s jornais do Porto. Naturalmente que, em muito me<strong>no</strong>r<br />

quanti<strong>da</strong>de, seguiam outras profissões comerciais, mas pouco representativas em termos<br />

quantitativos.<br />

Ain<strong>da</strong> <strong>no</strong> sector terciário surgem outros tipos de activi<strong>da</strong>des, longe, porém, do<br />

peso do comércio. Se as profissões liga<strong>da</strong>s aos transportes tem uma representação quase<br />

insignificante, já é de conceder atenção às liga<strong>da</strong>s à saúde e higiene, com a saí<strong>da</strong><br />

constante (embora em peque<strong>no</strong> número) de barbeiros, boticários/farmacêuticos e<br />

médicos/cirurgiões, o mesmo se podendo dizer em relação ao ensi<strong>no</strong>.<br />

No leque de profissões estreitamente liga<strong>da</strong>s a serviços, por entre um ou outro<br />

bacharel ou um escrivão, a mais evidente e constante é a de eclesiástico, que chega a<br />

atingir números próximos <strong>da</strong>s duas dezenas <strong>no</strong>s inícios, descendo depois para escassas<br />

uni<strong>da</strong>des à medi<strong>da</strong> que se caminha para o final do século. Se a hostili<strong>da</strong>de liberal que se<br />

segue à guerra civil pode explicar alguns casos, não chega para basear a permanência do<br />

fluxo e, alguns casos pessoais, por nós reconhecidos, desmentem-na como razão de<br />

fundo71 . Já vimos, de resto, como ao longo do tempo, a <strong>emigração</strong> foi também um dos<br />

desti<strong>no</strong>s dos eclesiásticos, e não só <strong>no</strong> campo <strong>da</strong> missionação. Fernando de Sousa<br />

mostrou-<strong>no</strong>s a debili<strong>da</strong>de social de grande parte do clero secular <strong>no</strong> Norte de Portugal,<br />

resultante <strong>da</strong> grande densi<strong>da</strong>de eclesiástica, pois <strong>no</strong>s inícios do século XIX era comum a<br />

relação de um clérigo para 100/200 habitantes, situação que se atenuou muito debilmente<br />

<strong>no</strong> decorrer do século72 : em 1855, a relação era de 1 clérigo para 240 pessoas, <strong>no</strong> distrito<br />

do Porto73 . Tal facto, que tornava comum a existência de vários eclesiásticos por<br />

paróquia, repercutia-se <strong>no</strong>s rendimentos, pois, para além do cura e coadjutor, tornava-se<br />

necessário encontrar diversos expedientes (capelão particular, ensi<strong>no</strong>, orador...) com vista<br />

à sobrevivência, sobretudo quando não se dispunha de um significativo património<br />

familiar como ponto de parti<strong>da</strong>. Não <strong>no</strong>s admiremos, por isso, ao observarmos<br />

anualmente um fluxo eclesiástico de <strong>emigração</strong>. Nas três primeiras déca<strong>da</strong>s referentes ao<br />

tempo de observação do presente estudo encontramos mesmo essa <strong>emigração</strong> inseri<strong>da</strong><br />

numa lógica de grupo, vendo-se conjuntos de rapazes de determina<strong>da</strong> zona a partirem<br />

71 Por exemplo, o caso do Pe. Manuel Moreira <strong>da</strong> Gama, que partiu do Porto para Pernambuco na déca<strong>da</strong><br />

de 70, onde foi mordomo e regente do Hospital Português de Beneficência. Além disso, circulava pelos<br />

engenhos onde dizia missas e pregava sermões, tendo aindo colaborado <strong>no</strong>utras associações filantrópicas.<br />

Regressa comen<strong>da</strong>dor, pelo trabalho na Beneficência, e voltará à função de "pregador", além de emprestar<br />

dinheiro a juro. (Informação com base em documentação particular que <strong>no</strong>s foi cedi<strong>da</strong> pelo sr. Joaquim<br />

Soares, a quem agradecemos).<br />

72 SOUSA, Fernando de, O Clero a Norte do Douro em Finais de Setecentos, Porto, Facul<strong>da</strong>de de Letras,<br />

tese complementar de doutoramento, 1979.<br />

73 De acordo com o nº de 1511 eclesiásticos para uma população de 362315 habitantes. Cf. BARÃO DO<br />

VALLADO, Relatório apresentado á Junta Geral do Distrito do Porto na sua sessão ordinaria de 1856,<br />

Porto, Typ. de Sebastião José Pereira, 1856 (quadros nºs 1 e 4).

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