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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 310<br />

às exigências do clima tropical e ao esforço quotidia<strong>no</strong> que lhes era exigido. Por outro<br />

lado, o que parece estar por detrás <strong>da</strong> vin<strong>da</strong> de muitos "pobres" são problemas de<br />

ina<strong>da</strong>ptação, que se vislumbram <strong>no</strong> pouco tempo de <strong>emigração</strong> que viveram, sendo<br />

referidos muitos casos de 1 a<strong>no</strong>, <strong>no</strong> geral não ultrapassando os 4, produto talvez <strong>da</strong>s<br />

situações de excesso de voluntarismo e aventureirismo que muitos cônsules <strong>no</strong> Brasil<br />

referiam. E para muitos destes o <strong>retor<strong>no</strong></strong> não resolvia o problema, provavelmente criaria<br />

mesmo incompatibili<strong>da</strong>de ou incompreensão, sendo os retornados obrigados a retomar a<br />

situação de an<strong>da</strong>rilho, ante o vexame de reconhecimento <strong>da</strong> sua incapaci<strong>da</strong>de para o<br />

sucesso. É isso que transparece em muitas observações casuísticas <strong>no</strong>s mapas referidos,<br />

de que a expressão mais explícita é a do administrador de Marco de Canavezes: " Uma<br />

grande parte dos individuos que fazem parte deste mappa voltaram outra vez para o<br />

Imperio do Brazil".<br />

Se <strong>no</strong>s ativermos apenas aos mais afortunados, na perspectiva <strong>da</strong> sua localização e<br />

distribuição teremos de reconhecer que alguns textos não exageravam quando produziam<br />

afirmações como esta, <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> de 1842: "Não se caminha uma legoa nesta Provincia sem<br />

contemplar uma Quinta - uma habitação - uma her<strong>da</strong>de que não se diga, pertence ao<br />

Brasileiro F. que tendo em tenra i<strong>da</strong>de hido para o Brazil e ali adquirido fortuna,<br />

voltando veio empregalla <strong>no</strong> saudoso torrão de seu natal, ou mandou a seus Parentes<br />

certas quantia que estes ali empregaram." 24<br />

É ver<strong>da</strong>de que, nas déca<strong>da</strong>s de 30 e 40, se verificou um importante <strong>retor<strong>no</strong></strong> de<br />

"brasileiros endinheirados", na sequência <strong>da</strong>s comoções políticas que então abalaram o<br />

Brasil, muitas <strong>da</strong>s quais geraram tumultos anti-portugueses. A posição conservadora de<br />

muitos deles, a defesa aberta ou desconfiança sobre a sua acção em eventuais pla<strong>no</strong>s para<br />

<strong>no</strong>vas ligações a Portugal e, sobretudo, a posição de credores de muitos fazendeiros e<br />

pessoas importantes <strong>da</strong> Corte, tudo isso contribuía para que a animosi<strong>da</strong>de antiportugueses<br />

ganhasse um campo fértil nas agitações políticas, direccionando os<br />

movimentos para o ataque a bodes expiatórios, responsabilizado-os genericamente por<br />

falta de géneros e subi<strong>da</strong>s de preços : "Consuma<strong>da</strong> a independência, resta o ato popular<br />

de desforra, o mata-maroto, que na Baía se repete, pitoresca e tragicamente, todo o a<strong>no</strong>,<br />

e em Recife tem o aspecto de uma ameaça permanente, social <strong>da</strong> patuléa contra o<br />

comércio retalhista" 25 . Muitos negociantes e comerciantes de nacionali<strong>da</strong>de portuguesa<br />

retornam, então, a Portugal, uns definitivamente, outros em compasso de espera pela<br />

24 A. A. C. P., Copiador de correspondência de 1842, ofício nº 95. Representação de 18 de Novembro de<br />

1842 <strong>da</strong> Associação Comercial do Porto, transcrita integralmente in ALVES, Jorge Fernandes, "Emigração<br />

Portuguesa: o exemplo do Porto <strong>no</strong>s meados do século XIX", Revista de História, vol. IX, Centro de<br />

História <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de do Porto, Porto, 1989, pp. 267-289.<br />

25 Cf. CALMON, Pedro, História Social do Brasil, 2º tomo, S. Paulo, s/d, p.20.

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