15.04.2013 Views

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 64<br />

2.3 - Comércio e <strong>emigração</strong> -<br />

mercado, navegação, remessas.<br />

O comércio do Porto (como o de Portugal, em geral) com o Brasil decaiu, pois,<br />

drasticamente <strong>no</strong> século XIX, num processo irreversível 60 : 1808/10 (transferência <strong>da</strong><br />

Corte e tratado com a Inglaterra) e 1822 (independência do Brasil) são <strong>da</strong>tas simbólicas<br />

neste contexto, mas com efeitos visíveis na quebra <strong>da</strong>s relações comercias, etapas finais<br />

de um ciclo de dominação colonial, que durante três séculos mobilizou interesses,<br />

arrastou homens, repartiu famílias pelos dois lados do Atlântico. Aos interesses<br />

nacionais, afeitos ao "exclusivo", veio sobrepor-se a lógica <strong>da</strong> reordenação contínua <strong>da</strong><br />

eco<strong>no</strong>mia-mundo, que relegava Portugal para uma situação de periferia e incluía o Brasil<br />

na órbita central domina<strong>da</strong> pelos interesses britânicos, numa re<strong>no</strong>vação do processo <strong>da</strong><br />

divisão internacional do trabalho.<br />

Embora inseri<strong>da</strong> num contexto mais amplo, a revolução de 1820, inicia<strong>da</strong> <strong>no</strong><br />

Porto, com forte empenhamento <strong>da</strong>s classes comerciais, é também um gesto desesperado<br />

para travar o mercado indispensável que definitivamente se subtraía a Portugal. O imenso<br />

folhetim e inabili<strong>da</strong>de política que as Cortes Constituintes a este respeito produziram é<br />

bem eluci<strong>da</strong>tivo do desespero que a per<strong>da</strong> do Brasil provocava 61 . Não se soube sequer<br />

atentar nas palavras do Regente D. Pedro dirigi<strong>da</strong>s ao Rei: "Com força arma<strong>da</strong> é<br />

impossível unir o Brasil a Portugal, com o commercio e a mutua reciproci<strong>da</strong>de a união é<br />

certa, porque o interesse pelo commercio e o brio pela reciproci<strong>da</strong>de são as duas molas<br />

60 Entre 1800 e 1831 o comércio nacional com as nações estrangeiras (Brasil incluido diminui para me<strong>no</strong>s<br />

de metade ( índices 100 e 44), mas o efectuado com o Brasil decai em 4/5 (índices 100 e 20), segundo<br />

BONIFÁCIO, Maria de Fátima, Seis Estudos Sobre o Liberalismo Português, Lisboa, Estampa, 1991, pp.<br />

119-120.<br />

61 Cf. PEREIRA, Miriam Halpern, Portugal <strong>no</strong> Século XX - Revolução, Finanças, Dependência Externa,<br />

Lisboa, Sá <strong>da</strong> Costa, 1979, pp. 85-108.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!