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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 329<br />

dos autores coevos 46 . Naturalmente que as remessas de dinheiro do Brasil estão sujeitas a<br />

flutuações diversas, pois tanto crescem em momentos de alto de câmbio ou de <strong>retor<strong>no</strong></strong><br />

mais acentuado, como descem em momentos de baixa de câmbio, em compasso de espera<br />

para a eventual recuperação.<br />

Charles Vogel fala-<strong>no</strong>s <strong>da</strong> importância dos <strong>retor<strong>no</strong></strong>s, principalmente <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de<br />

1852 e 1853, que teriam feito entrar <strong>no</strong> País cerca de 300 milhões de francos, qualquer<br />

coisa como 54000 contos de réis47 (ao câmbio de 910 réis por ca<strong>da</strong> 5 francos-ouro)<br />

número que naturalmente levanta dúvi<strong>da</strong>s, mas que não julgamos surpreendente.<br />

Recordemos que um brasileiro como o Conde de Ferreira, à sua morte, tinha uma fortuna<br />

avalia<strong>da</strong> entre 1200 a 1500 contos de réis, já depois de muito exauri<strong>da</strong> a sua fortuna. Não<br />

era caso único e bastaria meia centena de "brasileiros" destes para perfazer aquele<br />

quantitativo48 .<br />

Que a importância <strong>da</strong>s remessas brasileiras era já decisiva na eco<strong>no</strong>mia nacional,<br />

ficou demonstrado já <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 60, com a crise que então se desenrolou entre 1864-68.<br />

Em 1863, surgem os primeiros indícios de crise <strong>no</strong> Brasil, em conjugação com os efeitos<br />

depressivos <strong>da</strong> guerra civil <strong>no</strong>rte-americana e de fracas colheitas de café49 . No Rio de<br />

Janeiro, sinais expressivos foram os <strong>da</strong> casa bancária de António Alves Souto & Cª 50 ,<br />

uma <strong>da</strong>s casas de maior crédito, que vai ver-se em dificul<strong>da</strong>des, acabando por falir <strong>no</strong> a<strong>no</strong><br />

seguinte: "A casa de Souto & Cª era depositaria de, além de 9:000 contos em contas<br />

correntes, mais 14:000 contos de eco<strong>no</strong>mias de individuos de to<strong>da</strong>s as classes, mas<br />

principalmente dos trabalhadores portuguezes, que la tinham a maior parte do seu<br />

peque<strong>no</strong> peculio". Para além <strong>da</strong> crise agrícola, devido à "molestia do cafezeiro" que<br />

provocara safras baixas, não permitindo a solvência de dívi<strong>da</strong>s por diversos fazendeiros,<br />

o Banco sofria pressão por "muitos empregos em Portugal de capitaes que aqui se<br />

achavam, e para lá iam sendo atraidos a pouco e pouco" 51 .<br />

Neste sentido, sublinhemos que <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s de 1863-65, em consonância com um<br />

período de dinamismo económico, há um surto de criação de bancos em Portugal,<br />

46 Cf., MATA, Maria Eugénia, Câmbios e Política Cambial na Eco<strong>no</strong>mia Portuguesa, 1891-1931, Lisboa,<br />

Livraria Sá <strong>da</strong> Costa Editora (Cader<strong>no</strong>s <strong>da</strong> R.H.E.S., nº 8), 1987. A autora refere as estimativas aponta<strong>da</strong>s<br />

pelos diversos autores e cita abun<strong>da</strong>nte bibliografia a este respeito, mas só para o período posterior à<br />

déca<strong>da</strong> de 80 do século passado.<br />

47 Ob. cit., p. 116.<br />

48 Veja-se a este propósito a leitura de ALEXANDRE, Valentim, Origens do Colonialismo Moder<strong>no</strong>,<br />

Lisboa, Sá <strong>da</strong> Costa, 1979, p. 49.<br />

49 Cf. "Situação Eco<strong>no</strong>mica do Brazil", C.P., de 20 de Junho de 1863, e "A crise <strong>no</strong> Rio de Janeiro",<br />

ibidem, de 16.10.1864.<br />

50 António Alves Souto (Visconde do Souto) era ci<strong>da</strong>dão português. Nasceu <strong>no</strong> Porto a 28.11.1813 e<br />

faleceu <strong>no</strong> Rio de Janeiro a 14.02.1880.<br />

51 Cf. "Brazil", C.P., nº 236, de 15 de Outubro de 1864.

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