15.04.2013 Views

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 372<br />

tiveram ain<strong>da</strong> maior ascensão os filhos dos emigrantes, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente "brasileiros" de<br />

nascimento, que, na altura conveniente, optaram pela nacionali<strong>da</strong>de portuguesa. A<br />

capaci<strong>da</strong>de económica acresci<strong>da</strong>, acumula<strong>da</strong> pelos ascendentes, permitindo a prossecução<br />

de estudos que não estiveram ao alcance destes, bem como o facto de desfrutarem do<br />

prestígio social alcançado por aqueles, estão na base do seu percurso ascendente, tanto na<br />

vi<strong>da</strong> pública como na vi<strong>da</strong> priva<strong>da</strong>. Dos inúmeros exemplos, citemos o conhecido caso de<br />

José Guilherme Pacheco, nascido, em 1823, <strong>no</strong> Rio de Janeiro, veio com seis meses para<br />

Portugal, voltando aos doze para o Brasil, a trabalhar na casa comercial do tio; regressa<br />

depois, para tirar o curso de direito em Coimbra (1859), e a sua influência na política era<br />

tal que lhe chamavam o "rei de Paredes", aonde se fixou; regenerador, foi deputado<br />

várias vezes, governador- civil de Angra, presidente <strong>da</strong> Câmara de Paredes, procurador e<br />

presidente <strong>da</strong> Junta Geral do Distrito149 . Naturalmente, o quadro poderia alargar-se a<br />

outros <strong>no</strong>mes e sentidos políticos, desde Júlio de Matos, o célebre psiquiatra que foi um<br />

ardente republica<strong>no</strong>, até ao caso especial de Bernardi<strong>no</strong> Machado. O pai deste, futuro<br />

barão de Joane, partira do Porto <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1840 para o comércio do Rio de Janeiro, e o<br />

filho, lá nascido, veio fazer os estudos secundários ao Porto, seguindo depois para a<br />

Universi<strong>da</strong>de de Coimbra, onde subiu a lente, para fazer a seguir um longo percurso<br />

político. De deputado regenerador, foi ministro <strong>da</strong>s Obras Públicas <strong>da</strong> monarquia,<br />

aderindo posteriormente à República (por 1903). Integrou o Gover<strong>no</strong> Provisório em<br />

1910, foi ministro e chefe de gover<strong>no</strong>, embaixador <strong>no</strong> Rio de Janeiro e Presidente <strong>da</strong><br />

República por duas vezes.<br />

6.3.3 - Filantropia<br />

Uma <strong>da</strong>s imagens mais marcantes na biografia dos "brasileiros" é a sua tendência<br />

para a filantropia. Podemos afirmar que grande parte do equipamento de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de<br />

social do século passado <strong>no</strong> Norte de Portugal foi activado, incentivado ou mesmo<br />

sustentado pelos ex-emigrantes, que, enquanto vivos e na hora <strong>da</strong> morte, mostravam uma<br />

regra, homens disponíveis para os cargos públicos: "O concelho de Paços de Ferreira tem sido, desde<br />

longa <strong>da</strong>ta, apontado para extincção, pela falta de vi<strong>da</strong> local, e pela sua constante repugnância a<br />

satisfazer os mais simples deveres de administração; conservando sempre, não obstante a diversi<strong>da</strong>de de<br />

situações em que se tem encontrado,a mesma indole refractaria a to<strong>da</strong>s as prescripções legaes e a to<strong>da</strong>s<br />

as instancias <strong>da</strong> autori<strong>da</strong>de superior, que jamais pôde conseguir trazelo a uma vi<strong>da</strong> regular e <strong>no</strong>rmal." In<br />

A.G.C.P, "Consulta do Governador Civil do Districto do Porto, sobre a mais conveniente circunscripção do<br />

districto do Douro crea<strong>da</strong> pela carta de lei de 26 de Junho de 1867", Livro de registo de correspondência<br />

expedi<strong>da</strong>, nº 950, p. 64.<br />

149 Cf. SILVA, I<strong>no</strong>cêncio Francisco, Dicionário Bibliográfico Português, Lisboa, Imprensa Nacional,<br />

1885.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!