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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 248<br />

acompanhados de um eclesiástico <strong>da</strong> mesma origem. Neste corpo social, a <strong>emigração</strong><br />

para o Brasil representava também um horizonte de esperança.<br />

Diversos<br />

Sublinhe-se, por fim, o estrato dos "diversos", <strong>da</strong><strong>da</strong> a ausência de qualquer<br />

referente sistemático que os conecte com uma activi<strong>da</strong>de específica, e constituído por<br />

proprietários, capitalistas. O acompanhamento individual dos registos de passaportes diz<strong>no</strong>s<br />

que é aqui que se situam os fenóme<strong>no</strong>s de re<strong>emigração</strong>. Trata-se, na sua imensa<br />

maioria, de "brasileiros", isto é, de emigrantes enriquecidos que voltam à Pátria a visitar<br />

a família e amigos, a matar sau<strong>da</strong>des, para curas termais e banhos de mar, ou mesmo para<br />

realizar peque<strong>no</strong>s negócios. Embora originários na sua maior parte de activi<strong>da</strong>des de<br />

comércio ou bancária, não voltam definitivamente, permanecem ligados aos interesses<br />

deixados <strong>no</strong> Brasil, ao cargo de empregados ou procuradores, e aí voltam de vez em<br />

quando, após tempora<strong>da</strong>s mais ou me<strong>no</strong>s longas na terra de origem ou nas ci<strong>da</strong>des do<br />

Porto e Lisboa, ou ain<strong>da</strong>, em estâncias balneares, como Vila do Conde e Póvoa de<br />

Varzim. Como se vê o seu movimento tem pouca importância quantitativa, mas o seu<br />

número evolui muito a partir dos meados <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 70: de me<strong>no</strong>s de uma dezena<br />

anual o movimento passa então, para mais de meia centena. Vários factores convergem<br />

nesta mu<strong>da</strong>nça: por um lado, a generalização do "vapor" banaliza as viagens entre os dois<br />

países, oferecendo melhores comodi<strong>da</strong>des e me<strong>no</strong>s riscos e, sobretudo, um encurtamento<br />

considerável do tempo de viagem (dos cerca de 45 dias <strong>da</strong> época dos veleiros passa-se a<br />

cerca de 15 dias com os vapores); por outro lado, a flutuação cambial torna-se mais<br />

instável, por esta altura, e muitos dos que viviam de rendimentos vêem-se, por vezes,<br />

obrigados a voltar ao Brasil e a retomar os negócios deixados em mãos alheias, <strong>da</strong><strong>da</strong>s as<br />

per<strong>da</strong>s e<strong>no</strong>rmes que significava transferir dinheiro para Portugal.<br />

Veja-se, a este respeito, o caso, tanto quanto sabemos extremo, de Joaquim<br />

Pereira Fula. Natural de Pedroso (Gaia), embarca em 1846 para o Rio de Janeiro com 15<br />

a<strong>no</strong>s. Em 1853, volta a Portugal, regressando pouco depois. Fará mais viagens, mas em<br />

1871 faz-se acompanhar pela esposa e percorre diversos países <strong>da</strong> Europa. Em 1872 torna<br />

ao Rio, voltando a dirigir a casa de negócio que ali tinha em socie<strong>da</strong>de "Pereira Fula &<br />

Sousa" e será, então, <strong>no</strong>meado tesoureiro <strong>da</strong> Caixa de Socorros de D. Pedro V. Em 1875<br />

retorna a Portugal, tendo recebido a comen<strong>da</strong> de Cristo (1878) pelos serviços prestados<br />

na Caixa de Socorros. Em 1880, volta de <strong>no</strong>vo ao Rio "para liqui<strong>da</strong>r os seus negócios",

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