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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista<br />

3 - MIGRAÇÕES E TRAMA SOCIAL<br />

Quem se mu<strong>da</strong>, Deus o aju<strong>da</strong>.<br />

Ditado popular.<br />

A migração é fenóme<strong>no</strong> antigo e enraizado em to<strong>da</strong> a região do Noroeste<br />

português. Zona de minifúndio, há quase sempre excedente de mão-de-obra nas uni<strong>da</strong>des<br />

familiares, que, estrategicamente, importa rentabilizar ou excluir, consoante a<br />

composição e o estádio do ciclo de vi<strong>da</strong> do agregado. Ao nível doméstico, emigrar pode<br />

significar a inversão total ou parcial de situações pe<strong>no</strong>sas em termos orçamentais: se um<br />

elemento (dispensável como força de trabalho <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de) emigra, de peso passivo<br />

transforma-se em activo, pela fracção que liberta a favor dos demais e, eventualmente,<br />

pelas remessas que enviar. Neste contexto, as migrações para as ci<strong>da</strong>des (Porto e Lisboa),<br />

para os campos do Sul e mesmo para Castela, são um factor de equilíbrio <strong>da</strong> eco<strong>no</strong>mia<br />

doméstica, permitindo quer o desagravamento dos consumos familiares, quer a injecção<br />

de capital em numerário, indispensável a pequenas obras, pagamento de dívi<strong>da</strong>s,<br />

aquisições de terre<strong>no</strong>, utensilagem ou gado, bem como a processos de negociação interfamiliar<br />

por via dotal.<br />

3.1 - Sazonali<strong>da</strong>de e circulação juvenil<br />

Estas migrações atingem grande intensi<strong>da</strong>de já pelo século XVII, implicando às<br />

vezes quase to<strong>da</strong> a componente masculina <strong>da</strong>s famílias, e revelando formas de inserção<br />

social, ain<strong>da</strong> hoje perceptíveis <strong>no</strong> quotidia<strong>no</strong> rural: descendo ao nível paroquial, não é<br />

difícil encontrar casos como os de Bougado (<strong>no</strong> concelho de Santo Tirso), onde, já por<br />

1680, na festa religiosa anual, um dos andores <strong>da</strong> procissão era, tradicionalmente, pago e

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