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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 366<br />

"brasileiros" listados <strong>no</strong>s almanaques do Porto devemos ver essa confluência de funções,<br />

que vão desde o peque<strong>no</strong> lojista de retalho ao comerciante de grosso trato, especializado<br />

em vinho e produtos coloniais, em ferragens e pa<strong>no</strong>s, trabalhando ao mesmo tempo em<br />

comissões e representações, incluindo os seguros e serviços bancários, suscitando e<br />

promovendo o tráfico de importação-exportação, descendo eventual e conjunturalmente à<br />

produção industrial organiza<strong>da</strong>.<br />

O negócio <strong>no</strong> sector <strong>da</strong> hotelaria também não deve ser esquecido, e se já<br />

referimos aqui o Grande Hotel do Porto, não poderemos esquecer uma uni<strong>da</strong>de já dos<br />

inícios deste século e cheia de simbolismo, ponto de encontro de tertúlias culturais <strong>da</strong><br />

baixa portuense: o café-botequim A Brasileira, aberto em 1903 por iniciativa de um exfarmacêutico<br />

que em Minas Gerais se dedicou ao café - Adria<strong>no</strong> Teles, surgindo a ideia<br />

como uma forma de criar e propagandear uma marca própria, tendo por trás uma fábrica<br />

de torrefacção, pelo que, durante os primeiros 13 a<strong>no</strong>s, o café à chávena foi ali servido<br />

gratuitamente132 .<br />

Por outro lado, o impacto deste investimento "brasileiro" não pode limitar-se à<br />

observação dos retornados, precisaria de estender-se às redes familiares, pois,<br />

frequentemente, é através de sucessores ou colaterais que a injecção directa de capital se<br />

verifica e, necessariamente, se consoli<strong>da</strong>m os projectos lançados. Neste contexto, muitos<br />

estabelecimentos de negócio do Porto apesar de não terem na sua origem um "brasileiro"<br />

estão intimamente ligados ao capital <strong>da</strong> <strong>emigração</strong>, porque <strong>da</strong>í lhes adveio o capital para<br />

o investimento por processos de doação ou herança. Identificamos alguns<br />

estabelecimentos actuais, com êxito na praça comercial do Porto, que resultam de<br />

alterações de investimento relativamente aos projectos de "brasileiros": filhos e netos que<br />

venderam as quintas e casas de lavoura organiza<strong>da</strong>s e construí<strong>da</strong>s por ex-emigrantes, cuja<br />

rentabili<strong>da</strong>de se tor<strong>no</strong>u diminuta e incompatível com as <strong>no</strong>vas expectativas sócioeco<strong>no</strong>micas,<br />

para fazer nascer e crescer estabelecimentos comerciais e na área de<br />

serviços.<br />

Imobiliário urba<strong>no</strong><br />

Tal como os "brasileiros" que optaram por viver na rurali<strong>da</strong>de ou assumir as duas<br />

residências, também os do espaço urba<strong>no</strong> têm na casa um dos sinais mais evidentes <strong>da</strong><br />

sua afirmação social. Particularmente <strong>no</strong>tado foi o seu papel na construção de <strong>no</strong>vas<br />

132 BASTOS, Carlos, Livro de Ouro do Comércio e Indústria do Porto, Porto, 1943, pp. 21-24.

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