15.04.2013 Views

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 58<br />

Terra <strong>da</strong> Feira ou do Porto. O silêncio sobre as origens <strong>da</strong>s ferragens é total, <strong>no</strong> entanto, o<br />

seu carácter primitivo não obstava a que fossem produzi<strong>da</strong>s nas ferrarias <strong>da</strong> Ribeira,<br />

viessem de Braga ou adquiri<strong>da</strong>s nas feiras do Porto, num afluxo derivado <strong>da</strong>s mais<br />

diversas oficinas espalha<strong>da</strong>s pela região 42 .<br />

Nesta perspectiva, o caso do comerciante portuense acima descrito, encaixa na<br />

imagem setecentista do Porto, enquanto eixo de um vasto "hinterland", na configuração<br />

que o Pe. Rebelo <strong>da</strong> Costa lhe traçou, mostrando que os interesses <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de e <strong>da</strong><br />

Província de Entre-Douro e Minho eram "entre si tão reciprocos" , pois enquanto a<br />

primeira consumia e expedia os produtos para o estrangeiro, Brasil e conquistas, a<br />

província beneficiava-a com "os multiplicados generos <strong>da</strong>s suas producções, e<br />

excellentes obras <strong>da</strong>s suas manufacturas, que diariamente lhe envia" 43 . Mas esse<br />

"hinterland" era mais vasto do que o Entre-Douro e Minho, alargando-se mais a Sul e<br />

ain<strong>da</strong> a Leste (com o Alto Douro). Da barra do Douro, "canal de to<strong>da</strong> a riqueza <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de" 44 , se fazia um comércio "activo" com o Brasil, porque além <strong>da</strong>s trocas de<br />

géneros ain<strong>da</strong> vinha um excedente em dinheiro 45 . Segundo o autor, para o Brasil<br />

navegavam mais de oitenta navios portuenses, de muito maior porte do que os dos<br />

estrangeiros, trazendo, especialmente, cargas de açucar, algodão, aguardente, madeiras e<br />

couros, arroz, cacau, café, e outros artigos me<strong>no</strong>s importantes, para além do tabaco, ouro<br />

e diamantes que só desalfandegavam em Lisboa, e <strong>da</strong>í vinham para o Porto 46 . Daqui se<br />

exportava para o Brasil, o pa<strong>no</strong> de linho, estopa, chapéus, chitas, louça, botões, vinhos,<br />

azeite, fitas, galões, se<strong>da</strong>s, linha e diversas ferragens 47 .<br />

42 Sobre o artesanato na produção industrial de setecentos, cf. MACEDO, Jorge Borges, A Situação<br />

Económica <strong>no</strong> Tempo de Pombal - alguns aspectos, 2ª edição, Lisboa, Moraes, 1982, pp. 101-132.<br />

43 COSTA, Agostinho Rebello <strong>da</strong>, Descripção Topografica e Historica <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de do Porto, Porto, Oficina<br />

Antonio Alvarez Ribeiro, 1788, pp. I-II.<br />

44 Idem, ibidem, p. 198.<br />

45 Para Rebelo <strong>da</strong> Costa, o comércio era activo (exportação maior que a importação), passivo (importação<br />

maior que a exportação) ou recíproco (importação igual à exportação). Com o estrangeiro (Inglaterra,<br />

Holan<strong>da</strong>, França) o comércio era, pois, passivo.<br />

46 Idem, ibidem, pp. 225-226.<br />

47 Idem, ibidem, pp. 227-228. Face aos números apontados pelo autor, o negociante atrás tratado<br />

representaria, naturalmente, um ínfima parte <strong>da</strong>s exportações, o que, a ser típico, pressupõe um grande

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!