15.04.2013 Views

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 398<br />

Por 1870 aproveita as comodi<strong>da</strong>des do vapor e, depois de 25 a<strong>no</strong>s <strong>no</strong> Brasil e com<br />

40 de i<strong>da</strong>de, solteiro, vem a Portugal. Sabemo-lo porque em 1871 (10 de Julho) surge, de<br />

<strong>no</strong>vo, a tirar passaporte, desta vez para o Rio de Janeiro, como já referimos, para onde se<br />

deverá ter mu<strong>da</strong>do algures depois <strong>da</strong> estadia inicial em Pernambuco. Desta vez, parte<br />

naturalmente, por Lisboa, num dos paquetes internacionais. Ig<strong>no</strong>ramos quando chegou<br />

exactamente, quanto tempo permaneceu. Mas, na febre do vapor, vamos encontrá-lo a<br />

partir ain<strong>da</strong> mais duas vezes, em 1874 (5 de Maio) e em 1879 (18 de Setembro). No<br />

mínimo, até 1879, quando termina o <strong>no</strong>sso controle de registos de passaportes, José fez a<br />

viagem do Brasil por 4 vezes, uma na déca<strong>da</strong> de 40 a inicial, e três agora na déca<strong>da</strong> de<br />

70, já definitivamente instalado com a sua loja de comércio.<br />

Quando <strong>retor<strong>no</strong></strong>u definitivamente ? A indicação de Março 1883 num livro de<br />

registo de contas com os bancos, pode <strong>da</strong>r-<strong>no</strong>s uma pista. É aí que ele regista os custos de<br />

uma procuração que envia para a casa Fonseca & Cunha, <strong>no</strong> Rio de Janeiro, firma que lhe<br />

assegura a compra e ven<strong>da</strong> de acções, a cobrança de dividendos, as remessas para<br />

Portugal. De igual modo abre conta <strong>no</strong> Banco Aliança, do Porto.<br />

José Maria Pereira não é um argentário igual aos dos meados do século. É um<br />

negociante modesto, que, ao longo de uma vi<strong>da</strong>, conseguiu um "pé-de-meia" , investido-o<br />

em acções e obrigações. Assegurou deste modo a sua retira<strong>da</strong>, a sua reforma, que lhe<br />

tranquilizou eco<strong>no</strong>micamente os últimos a<strong>no</strong>s, junto dos familiares, e, sobretudo, junto <strong>da</strong><br />

irmã Libânia. Era ela que assumia a gestão do quotidia<strong>no</strong> doméstico, estabelecia a<br />

ligação com os familiares mais recentes, e nela confiava para o tratamento dos últimos<br />

dias. Viviam nas casas <strong>da</strong> família, sem espaventos, onde apenas se faziam de vez em<br />

quando obras de manutenção e peque<strong>no</strong>s melhoramentos, tendo José adquirido apenas<br />

mais uma casa próxima <strong>da</strong>s suas, talvez por má vizinhança, já que utilizou um<br />

intermediário para a comprar como se fosse para si, a quem pagou uma comissão,<br />

obrigando-se por isso também ao pagamento de duas sisas. Foi o prédio <strong>da</strong> calça<strong>da</strong> de S.<br />

Francisco, nºs 18-20, que lhe custou 300$000 réis, além de mais quase 100$000 para<br />

registos e impostos, incluindo a gratificação de 13$500 ao João Santa Catarina (João<br />

Pereira <strong>da</strong> Silva, de <strong>no</strong>me real) pela intermediação referi<strong>da</strong>. Comprou ain<strong>da</strong> nesse a<strong>no</strong> de<br />

1890 outra casa na rua Bento de Freitas, nºs 58-60, para a qual retirou 1200$000 <strong>da</strong> sua<br />

conta bancária <strong>no</strong> Banco Aliança.<br />

Além destas proprie<strong>da</strong>des em Vila do Conde, qual era então a fortuna deste<br />

"brasileiro" ? Em 1889, segundo o seu próprio balanço, o seu capital distribuía-se do<br />

seguinte modo:<br />

a) <strong>no</strong> Brasil (em moe<strong>da</strong> fraca)<br />

28 apólices do empréstimo público de 1868...................28000$000

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!