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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista<br />

A prossecução destes objectivos defronta-se, naturalmente, com as limitações<br />

e a fragmentari<strong>da</strong>de do testemunho histórico, ora quantitativamente imenso, de<br />

natureza serial, mas com informação restrita, ora apenas indiciário e descontínuo.<br />

Nesta situação, a interacção entre a teoria e a prática, a interrogação/problematização<br />

em confronto com a pesquisa <strong>da</strong>s fontes conduziram a um processo de ajustamento,<br />

que em termos metodológicos, se traduz pelo recurso cruzado a técnicas extensivas e<br />

intensivas, onde a análise de longas séries temporais se conjuga com a utilização de<br />

estudos de casos, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente a biografia. Assumimos, assim, que <strong>no</strong> processo<br />

decisório em que os contextos económico-sociais aparecem como dominantes, há<br />

lugar para a desocultação do emigrante enquanto sujeito, para a sua focalização como<br />

protagonista, recuperando a sua margem de liber<strong>da</strong>de irredutível, susceptível de ser<br />

interpreta<strong>da</strong> numa procura de estratégias 74.<br />

Ao longo deste percurso metodológico e em contacto com os arquivos, foi<br />

possível seleccionar uma informação varia<strong>da</strong>, embora a sua origem, quase sempre<br />

burocrática, faça incidir mais luz nuns aspectos do que <strong>no</strong>utros, pressentindo-se<br />

rapi<strong>da</strong>mente aquilo que podemos designar por "efeito icebergue", ou seja, a fracção<br />

visível do fenóme<strong>no</strong> é bastante mais pequena do que a parte mergulha<strong>da</strong> na<br />

escuridão. Daí o esforço para conjugar uma grande diversi<strong>da</strong>de de fontes históricas,<br />

susceptíveis de <strong>no</strong>s fornecerem vários enquadramentos sobre a <strong>emigração</strong> e o <strong>retor<strong>no</strong></strong>,<br />

a qual passa pela documentação administrativa, por papéis particulares, por relatórios<br />

e representações de associações, por textos de jornais e pela produção bibliográfica.<br />

Multiplicar os ângulos de visão, definir contor<strong>no</strong>s, avançando degrau a degrau, eis a<br />

estratégia, certos de que nunca chegaremos ao cimo <strong>da</strong> montanha para a visão global.<br />

De resto, haverá algum "jogo de espelhos" metodológico que <strong>no</strong>s permita o acesso à<br />

totali<strong>da</strong>de ?<br />

Com base nestes pressupostos, desenvolvemos uma análise de âmbito<br />

regional, convictos de poder trazer <strong>no</strong>vos contributos para a compreensão do<br />

problema migratório português <strong>no</strong> estádio actual de conhecimentos. Enquanto nível<br />

intermédio nas escalas de observação mais usuais, a análise regional permite, em<br />

relação aos estudos locais, um maior nível de generalização e, em relação aos estudos<br />

de âmbito nacional, um maior grau de especificação. Sem cair na generalização de<br />

particularismos, procura-se, deste modo, evitar que a visão global <strong>da</strong> <strong>emigração</strong><br />

portuguesa continue a ser encara<strong>da</strong> como uma espécie de "média aritmética" entre os<br />

diversos fenóme<strong>no</strong>s regionais, tão díspares entre si como o <strong>da</strong>s regiões insulares e o<br />

do Noroeste português, contribuindo, com este trabalho, para traçar a especifici<strong>da</strong>de<br />

74 CROZIER, Michel e FRIEDBERG, Erhard, L'Acteur et le Système, Paris, Seuil, 1977, pp. 46-56.<br />

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