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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 338<br />

evidenciando que o <strong>retor<strong>no</strong></strong> de "brasileiros", na co<strong>no</strong>tação de afortunado, era agora quase<br />

impossível.<br />

A quebra do câmbio brasileiro na déca<strong>da</strong> de 90, com grande impacto a nível<br />

nacional e que se vai tornar arrasadora para os bancos do Porto, mais uma vez<br />

empenhados em empreendimentos que exigiam grandes somas de capital e com<br />

rentabilização (discutível) a longo prazo, aju<strong>da</strong> a explicar o eclipse portuense <strong>no</strong> campo<br />

<strong>da</strong> iniciativa política e económica durante largos a<strong>no</strong>s, perdendo o seu papel tradicional<br />

de réplica à iniciativa lisboeta75 . Mas facilitou, de algum modo, a intensificação <strong>da</strong> sua<br />

vocação industrial, até aqui subalterniza<strong>da</strong> pela aplicação de capitais ao jogo especulativo<br />

<strong>da</strong> bolsa e <strong>da</strong> banca, pois, a partir de 1892, a indústria começa a apresentar resultados<br />

mais palpáveis, na conquista do mercado inter<strong>no</strong> e colonial, por força <strong>da</strong>s circunstâncias.<br />

Naturalmente, que não se pode responsabilizar a quebra do câmbio do Brasil pelas<br />

dificul<strong>da</strong>des nacionais, embora tenha de se lhe reconhecer um papel importante, como<br />

dizia Rodrigues de Freitas, ao apontar uma série de situações de má gestão favorecedoras<br />

<strong>da</strong> crise76 . No essencial, tudo se resumia ao seu aviso já antigo, perante a política<br />

imodera<strong>da</strong> e de desorganização económica implementa<strong>da</strong> pela via fontista: "O paiz<br />

esquece que o dinheiro não basta, e que é tambem preciso saber empregal-o. O paiz não<br />

reflecte que é necessario desenvolver os elementos de vi<strong>da</strong> propria que temos cá, em vez<br />

de esperarmos vergonhosamente pelas riquezas que venham de longe" 77 .<br />

Em suma, o cau<strong>da</strong>l de remessas <strong>da</strong> <strong>emigração</strong> para o Brasil, que na segun<strong>da</strong><br />

metade do século passado inundou o País78 , contribuiu para a formação de uma eco<strong>no</strong>mia<br />

de subsídio, aonde os investimentos não foram implementados de forma a terem um<br />

seguro crescimento auto-sustentado, desperdiçando-se muitos capitais e energias em<br />

empresas de rentabili<strong>da</strong>de duvidosa e na dívi<strong>da</strong> pública79 . Basílio Teles é, a este respeito,<br />

um dos autores mais radicais, defendendo que as remessas <strong>da</strong> <strong>emigração</strong> estimulam<br />

impõe um pla<strong>no</strong> de consoli<strong>da</strong>ção, reduzindo drasticamente os juros, descobre-se que os portugueses<br />

detinham cerca de 15 milhões de libras em títulos, valor <strong>no</strong>minal, ou seja, cerca de 1/5 do total, o que <strong>no</strong>s<br />

dá uma ideia <strong>da</strong> retracção nas remessas.<br />

75 Cf. SOUSA, Fernando de, "A salamanca<strong>da</strong> e a crise bancária do Porto", NVMMUS, 2ª série, vol.I, Porto,<br />

1978. Idem, A Cor do Dinheiro, Porto, Casa Tait, 1989.<br />

76 Entre os diversos artigos do autor sobre este período, cf., <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente, "O Brazil", C.P., de 12 e 15<br />

de Março de 1890; "A principal origem <strong>da</strong> crise", ibidem, de 9 de Julho de 1891; "A crise", ibidem , de 23<br />

de Julho de 1891.<br />

77 FREITAS, J.J. Rodrigues de, Crise Monetaria e Política de 1876 - Causas e Remedios, Porto, Livraria<br />

Moré, 1878, p. 115.<br />

78 Para uma síntese breve sobre a discussão dos quantitativos <strong>da</strong>s remessas do Brasil e os valores<br />

estatísticos do Brasil <strong>no</strong> movimento de cambiais do Rio de Janeiro para Portugal, cf. MURALHA, Pedro,<br />

Portugal <strong>no</strong> Brasil, Lisboa, Tipografia Luso-Gráfica, pp. 72-73. Ver também SIMÕES, Nu<strong>no</strong>, O Brasil e a<br />

Emigração portuguesa (<strong>no</strong>tas para um estudo), Coimbra, Imprensa <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de, 1934, pp. 46-50.<br />

79 Para uma leitura actual, cf. PEREIRA, Miriam Halpern, ob. cit., pp. 32-37 e 253-264.

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