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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 326<br />

benfeitorias outro tanto, e ain<strong>da</strong> montar um café e um hotel, <strong>no</strong> valor de 2400$000, com<br />

movimento anual de 1 conto e que ocupava 9 empregados.<br />

Este tipo de peque<strong>no</strong>s investimentos <strong>no</strong> comércio e afins também foi reconhecido<br />

para Paredes. Quatro a<strong>no</strong>s como caixeiro na Baía bastaram a António Rodrigues de<br />

Magalhães, de Castelões, para trazer uma pequena fortuna de 200$000 que empregou, na<br />

sua totali<strong>da</strong>de, numa mercearia na terra natal, a qual tinha um movimento anual de<br />

40$000. Maior sucesso foi o de António Ferreira de Abreu, de Rebordosa, pois, cinco<br />

a<strong>no</strong>s <strong>no</strong> Brasil como estalajadeiro renderam-lhe 5 contos de réis, tendo enviado à família<br />

3350$000, e montado uma mercearia (valor de 400$ e movimento anual de 100$) e uma<br />

estalagem por 1 conto, com movimento de 300$, ocupando <strong>no</strong>ve empregados.<br />

Um peque<strong>no</strong> número de casos, pois os administradores do concelho, na sua<br />

grande maioria, ig<strong>no</strong>raram estes quesitos! Se os mapas fossem devi<strong>da</strong>mente preenchidos,<br />

estamos convencidos que muitos mais seriam, pois fun<strong>da</strong>r uma pequena uni<strong>da</strong>de<br />

comercial ou estalagem, <strong>no</strong>rmalmente anexa à casa foi sempre uma <strong>da</strong>s formas preferi<strong>da</strong>s<br />

pelos emigrantes de <strong>retor<strong>no</strong></strong> para rentabilizarem os seus peque<strong>no</strong>s capitais. Muitos o<br />

fizeram, mais ain<strong>da</strong> propiciaram o seu estabelecimento aos membros <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> geração.<br />

Conhecemos um caso mais tardio (dos finais do século passado) em que o emigrante de<br />

<strong>retor<strong>no</strong></strong> estabelece a sua loja de comércio a retalho na aldeia natal e, à medi<strong>da</strong> que os<br />

filhos vão atingindo a i<strong>da</strong>de adulta, propicia-lhes a auto<strong>no</strong>mia e o casamento, fornecendolhes<br />

o capital para a sua própria loja: <strong>no</strong> final do processo são ao todo oito lojas, três na<br />

freguesia inicial e as restantes nas circunvizinhas, numa igual<strong>da</strong>de de estabelecimento<br />

para os 8 filhos (um deles ficará com a do pai). Claro está que tal incremento de comércio<br />

a retalho não resistiu em mercados tão apertados como o de 4 freguesias rurais, aonde de<br />

resto já existiam outras lojas de proprietários diversos (também ligados à <strong>emigração</strong>),<br />

pelo que alguns dos filhos acabaram por encerrar o estabelecimento ou deixá-lo à mulher<br />

e... emigraram para o Brasil. A rede nacional de comércio a retalho <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade<br />

do século passado e inícios deste deve-se, em grande, parte às pequenas quantias que os<br />

emigrantes traziam do Brasil (mais tarde também dos E.U e <strong>da</strong> Argentina), permitindolhes<br />

a compra <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de, quintal e casa com 1º an<strong>da</strong>r, e a criação do estabelecimento<br />

<strong>no</strong> rés-do-chão, assegurando de alguma forma a reprodução do capital, permitindo a<br />

realização de peque<strong>no</strong>s lucros para a sobrevivência do quotidia<strong>no</strong> de uma forma me<strong>no</strong>s<br />

melindrosa (não obrigando a voltar a sujar as mãos na agricultura) e, por isso, com<br />

alguma projecção social <strong>no</strong>s peque<strong>no</strong>s meios rurais.<br />

Pontualmente, o mapa do Inquérito fornece-<strong>no</strong>s ain<strong>da</strong> mais alguns detalhes, <strong>no</strong><br />

campo <strong>da</strong>s observações. O manuscrito referente ao concelho de Amarante procura<br />

indicar a localização <strong>da</strong> "fortuna" dos seus 22 "brasileiros": assim, quatro tinham a sua

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