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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista<br />

- a <strong>da</strong> clandestini<strong>da</strong>de, aspecto polimorfo, enquanto expressão de desobediência à<br />

lei nas suas diversas facetas.<br />

4.2.1 - Os colo<strong>no</strong>s<br />

A atracção de população europeia ao Brasil por incentivo do Estado começa a<br />

verificar-se ain<strong>da</strong> um pouco antes <strong>da</strong> independência (1822). Reconhece-se, então, a fraca<br />

implantação de população europeia e a existência de um problema geral de povoamento61 .<br />

Por outro lado, surgem os primeiros indícios do fim <strong>da</strong> escravatura, impondo a necessi<strong>da</strong>de<br />

de garantir o abastecimento <strong>da</strong> mão-de-obra necessária ao processo económico.<br />

Vimos como, durante três séculos de dominação colonial, a Coroa fez tudo para<br />

restringir ao mínimo indispensável a <strong>emigração</strong> de colo<strong>no</strong>s brancos <strong>da</strong> Metrópole,<br />

procurando que apenas partissem os necessários para o enquadramento <strong>da</strong> mão-de-obra<br />

escrava, para assegurar o comércio e o tráfico marítimo e, enfim, para a cobertura<br />

administrativa, incluindo as componentes militar e religiosa. Esta posição restritiva não<br />

impediu algumas acções de colonização com famílias brancas, como as que acompanharam<br />

os primeiros governadores ou as cíclicas parti<strong>da</strong>s de núcleos familiares dos Açores62 , nem<br />

conseguiu filtrar de forma eficaz a corrente de homens que partia regularmente do Minho a<br />

experimentar o sonho brasileiro. Mas, sendo o Brasil essencialmente uma eco<strong>no</strong>mia de<br />

plantações, onde predominava a grande proprie<strong>da</strong>de e a mo<strong>no</strong>cultura para exportação, era<br />

na mão-de-obra escrava que assentava o numeroso trabalho braçal.<br />

Com a transferência <strong>da</strong> Corte de Lisboa para o Rio de Janeiro (1808), a debili<strong>da</strong>de<br />

populacional do Brasil vem ao de cima, quer como falta de suporte à dinâmica económica<br />

que então se verifica, quer como elemento indispensável à formação do corpo militar. A<br />

guerra com os países do rio <strong>da</strong> Prata confere mesmo a este último aspecto um carácter de<br />

urgência, pois exigiu a formação de mais um exército na metrópole, logo após os grandes<br />

61 Desde 1746 que Alexandre de Gusmão, ministro de D. João V e brasileiro de origem, defendia uma<br />

política de colonização para "preencher vazios demográficos, particularmente em regiões fronteiriças, <strong>no</strong><br />

Sul, com as colónias espanholas". Cf. WESTPHALEN, Cecília Maria e BALHANA, Altiva Pillati, "Política<br />

e Legislação Imigratórias Brasileiras e a Imigração Portuguesa", comunicação ao Colóquio Internacional<br />

sobre Emigração-Imigração Portuguesa <strong>no</strong>s Séculos XIX-XX, Lisboa, F. Calouste Gulbenkian, 12-13 de<br />

Novembro de 1992.<br />

62 Diversas provisões régias relativas à <strong>emigração</strong> de açoria<strong>no</strong>s para o Brasil, pelos meados do século XVIII,<br />

podem ser li<strong>da</strong>s em CARVALHO, Augusto de, O Brazil - Colonisação e Emigração, Porto, Imprensa<br />

Editora, 1876, 2ª edição, pp. 405-410. A provisão de 09.08.1747 man<strong>da</strong> transportar até 4000 casais dos<br />

Açores, a quem concede privilégios especiais, desde terras, rações, para o sustento <strong>no</strong> primeiro a<strong>no</strong>, animais<br />

de tracção, sementes, armas e ferramentas.<br />

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