15.04.2013 Views

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 327<br />

riqueza total ou parcialmente <strong>no</strong> Brasil; um tinha os 6 contos de réis em "acções d'uma<br />

Companhia de Tabacos em Lisboa"; Francisco Alexandre Peixoto <strong>da</strong> Gama tinha parte<br />

dos seus 20 contos em "acções do caminho de ferro america<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto, de que é<br />

director"; com 30 contos de depósito <strong>no</strong>s bancos de Lisboa havia um, enquanto outro<br />

preferia depositar o seu dinheiro <strong>no</strong>s bancos do Porto; finalmente, os 14 restantes<br />

utilizavam as "inscripções" para capitalizar, isto é, compravam títulos de dívi<strong>da</strong> pública,<br />

uma <strong>da</strong>s formas de aforro de maior confiança <strong>no</strong> século passado e, sem dúvi<strong>da</strong>, o<br />

instrumento de capitalização preferido.<br />

Numa outra vertente, o mapa referente a Vila do Conde, indica-<strong>no</strong>s um grupo de<br />

cinco "brasileiros" de Fajozes que contribuíram com verbas de 150$ e 250$ para o<br />

cemitério local e obras na igreja, comportamento muito frequente. Com efeito, não se<br />

pode esquecer o papel dos "brasileiros" na construção dos cemitérios e sua dignificação<br />

numa época histórica em que havia repulsa popular pelo seu uso e se impunha<br />

superiormente a sua construção, em <strong>no</strong>me <strong>da</strong> sani<strong>da</strong>de do ambiente, proibindo-se os<br />

enterros nas Igrejas. A ve<strong>da</strong>ção e o arranjo urbanístico dos espaços cemiteriais para cujas<br />

obras muitos brasileiros contribuíram veio cortar o argumento dos que não queriam lá<br />

enterrar os seus familiares, <strong>da</strong><strong>da</strong> a situação de campo aberto, permitindo o ingresso<br />

frequente de animais domésticos (galinhas, porcos) que revolviam o solo e punham em<br />

causa as jazi<strong>da</strong>s. Mas importante ain<strong>da</strong> será o hábito de construir capelas de jazigo,<br />

numa emulação com os antigos mausoléus que os <strong>no</strong>bres construíam <strong>no</strong> interior <strong>da</strong>s<br />

igrejas, pois esses edifícios vão conferir digni<strong>da</strong>de e soleni<strong>da</strong>de a espaços antes<br />

rejeitados, contribuindo para a aceitação social dos cemitérios que, como se sabe, foram<br />

um foco de polémica e de agitação popular. Quando não podem construir os jazigos em<br />

vi<strong>da</strong>, deixam recomen<strong>da</strong>ções, por vezes minuciosas, nas obrigações testamentárias.<br />

Constituindo uma amostragem pouco qualifica<strong>da</strong> <strong>da</strong> população de <strong>retor<strong>no</strong></strong> entre<br />

1863-1873, os mapas sobre retornados45 do Inquérito Parlamentar de 1873, permitiram<strong>no</strong>s<br />

uma incursão, a um universo pouco estu<strong>da</strong>do, mormente <strong>no</strong> campo económico,<br />

facilitando a construção de alguns indicadores pertinentes e/ou indiciar alguns problemas.<br />

6.3 - Papel Social<br />

45 Retornados quase todos do Brasil, embora haja 11 casos <strong>da</strong> Argentina (9 em Penafiel, 1 em Bouças, 1<br />

em Santo Tirso) e 4 casos vindos de África (3 em Vila do Conde e 1 em S. Tirso). Para uma leitura de<br />

porme<strong>no</strong>r, vd. Anexo 6.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!