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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 244<br />

construção cujas marcas ain<strong>da</strong> hoje são visíveis em muitas terras brasileiras. A outra<br />

activi<strong>da</strong>de que inicialmente ultrapassava a construção civil, e à qual se pode associar, era<br />

a de trabalhos na madeira e mobiliário ( embora passe para o segundo lugar à medi<strong>da</strong> que<br />

se avança <strong>no</strong> século): não era raro seguirem cerca de duas centenas anuais de<br />

carpinteiros, seguidos por uma grande varie<strong>da</strong>de de profissionais afins, <strong>no</strong>s quais se<br />

destacam os marceneiros e os ta<strong>no</strong>eiros. A introdução <strong>da</strong> mecanização, um pouco em<br />

to<strong>da</strong>s as activi<strong>da</strong>des, tinha também a sua influência, como se pode observar pela leitura<br />

de uma <strong>no</strong>tícia sobre a instalação <strong>da</strong> Companhia de Ta<strong>no</strong>aria a Vapor, em Gaia, que<br />

empregando máquinas e sob a direcção de mestres ingleses passou a produzir 100 pipas<br />

diárias na sua fase inicial, ressalvando o articulista, numa tentativa de tranquilizar o<br />

pessoal <strong>da</strong>s oficinas, que "estas hão de continuar a existir, senão para o fabrico, pelo<br />

me<strong>no</strong>s para os concertos e para outros reparos de momento, precisos <strong>no</strong>s armazens" 64 .<br />

Também não será exagero afirmar que, na época, eram os portugueses a vestir e a<br />

calçar grande parte dos brasileiros, tal é a corrente contínua de alfaiates (pico em 1853,<br />

com 135 profissionais), sapateiros, tamanqueiros e chapeleiros que anualmente<br />

deman<strong>da</strong>vam as Terras de Santa Cruz, entre outros profissionais me<strong>no</strong>s citados.<br />

As célebres ferrarias do Porto e arredores serviam provavelmente de local de<br />

aprendizagem para a corrente contínua de metalúrgicos, na sua acepção artesanal,<br />

fornecendo algumas dezenas de ferreiros e, em me<strong>no</strong>r número, funileiros, ferradores,<br />

fundidores, serralheiros e latoeiros. O mesmo se dirá <strong>da</strong>s ourivesarias <strong>da</strong> Rua <strong>da</strong>s Flores<br />

ou de Gondomar, <strong>da</strong>dos os ourives que todos os a<strong>no</strong>s embarcavam para o Brasil, embora<br />

em peque<strong>no</strong> número, já que se trata de uma arte compreensivelmente restrita a poucos<br />

artistas. Uma referência ain<strong>da</strong> para as outras activi<strong>da</strong>des que, embora com me<strong>no</strong>r<br />

representativi<strong>da</strong>de, estavam presentes <strong>no</strong> fluxo migratório, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente as alimentares<br />

(padeiros, doceiros, cozinheiros, confeiteiros), que, com muita probabili<strong>da</strong>de,<br />

assegurariam a afirmação deste segmento de mercado nas mãos dos portugueses do<br />

Brasil, como era tradicional.<br />

Note-se, por outro lado, como assumia pouco significado quantitativo, na época<br />

em estudo, a presença de profissões tipicamente operárias, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente "fabricantes" e<br />

"maquinistas", originários <strong>da</strong>s fábricas, ain<strong>da</strong> que alguns possam ter saído sob as<br />

designações acima referi<strong>da</strong>s, embora <strong>no</strong>s inclinemos para que a sua origem fosse o<br />

artesanato. De facto, antes <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 90, a indústria portuense, salvo casos muito<br />

específicos, assumia a configuração de uma multiplici<strong>da</strong>de de oficinas. Parece-<strong>no</strong>s ser a<br />

dimensão destas, com poucos operários, dominando sectores de mercado muito estreitos<br />

64 In "Ta<strong>no</strong>aria a vapor" , O Commercio do Porto, nº 251 de 25 de Agosto de 1877

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