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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista<br />

famílias de freguesias vizinhas ou, um pouco mais longe, na ci<strong>da</strong>de do Porto. Se esta<br />

mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de cria<strong>da</strong>gem ocorre também <strong>no</strong> sexo masculi<strong>no</strong>, não há dúvi<strong>da</strong> que um<br />

número substancial de rapazes empreende deslocações de grande distância, para o<br />

Alentejo e para o Brasil, conforme informações complementares e <strong>no</strong>minais que, para as<br />

déca<strong>da</strong>s de 1760/70, <strong>no</strong>s fornecem as listas de ordenanças. Isto explica os padrões etários<br />

dominantes (Quadro 3.1), em que o sexo femini<strong>no</strong> abandona a casa paterna mais cedo,<br />

pois 63% <strong>da</strong>s raparigas fazem-<strong>no</strong> antes dos 15 a<strong>no</strong>s (algumas mesmo antes dos 10),<br />

enquanto só 34% dos homens partem antes <strong>da</strong>quela i<strong>da</strong>de: se as primeiras saem numa<br />

presumível situação de protecção, acolhendo-se <strong>no</strong>utras casas mais ou me<strong>no</strong>s conheci<strong>da</strong>s,<br />

aonde começam, desde cedo, a tirocinar na vi<strong>da</strong> doméstica, os rapazes partem mais<br />

desprotegidos, para zonas me<strong>no</strong>s conheci<strong>da</strong>s e me<strong>no</strong>s controláveis, porque afasta<strong>da</strong>s.<br />

Quadro 3.1 - I<strong>da</strong>des dos Migrantes Solteiros<br />

S. T. Bougado, 1744-1783<br />

Grupos Parti<strong>da</strong> Retor<strong>no</strong><br />

de Homens Mulheres Homens Mulheres<br />

I<strong>da</strong>des Nºs % Nºs % Nº % Nº %<br />

O7-O9 8 5,0 15 16,2 _ _ 1 1,0<br />

1O-14 47 29,2 43 46,2 10 7,9 21 20,2<br />

15-19 75 46,6 11 11,8 30 23,8 23 22,1<br />

20-24 21 13,0 11 11,8 42 33,4 31 29,8<br />

25-29 8 5,0 7 7,6 28 22,2 20 19,2<br />

30-34 1 0,6 5 5,4 8 6,3 5 4,8<br />

35-39 1 0,6 _ _ 4 3,2 2 1,9<br />

40-44 _ _ _ _ 1 0,8 1 1,0<br />

45-49 _ _ 1 1,1 2 1,6 _ _<br />

50-54 _ _ _ _ 1 0,8 _ _<br />

Totais 161 100,0 93 100,0 126 100,0 104 100,0<br />

Id. Média 16,4 15,8 22,9 20,8<br />

Desvio 4,7 7,5 7,1 6,5<br />

Em contraparti<strong>da</strong>, as raparigas retornam com maior intensi<strong>da</strong>de do que os rapazes<br />

e fazem-<strong>no</strong> bastante mais cedo: em termos médios, a i<strong>da</strong>de de <strong>retor<strong>no</strong></strong> <strong>da</strong>s raparigas é de<br />

20,8 a<strong>no</strong>s, com uma duração do ciclo migratório de 5 a<strong>no</strong>s; os rapazes, que partem por<br />

volta dos 16,4 a<strong>no</strong>s, retornam bastante me<strong>no</strong>s e muito espaça<strong>da</strong>mente, embora a duração<br />

do ciclo migratório dos que voltam surja com apenas 6,5 a<strong>no</strong>s de média.<br />

As baixas i<strong>da</strong>des de parti<strong>da</strong>, em geral, os desti<strong>no</strong>s e o <strong>retor<strong>no</strong></strong> evidenciam<br />

claramente a obediência do movimento migratório a estratégias familiares. A migração,<br />

ao mesmo tempo que denuncia as dificul<strong>da</strong>des de sobrevivência de um grupo familiar<br />

relativamente numeroso, desempenha também um papel integrador e de socialização,<br />

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