15.04.2013 Views

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 370<br />

an<strong>da</strong>res e loja <strong>no</strong> rés-do-chão, a primeira com pátio interior, aonde se situava a cocheira e<br />

cavalariça, pelo que tinha duas portas para a rua, uma para a habitação, a outra para esse<br />

pátio interior, que contemplava também jardim e pomar. A segun<strong>da</strong> habitação, destina<strong>da</strong><br />

a rendimento, não tinha cocheira, pelo que dispunha de uma só porta. Novi<strong>da</strong>de, a<br />

canalização de chumbo, pronta para receber o gás de iluminação. Construiu uma outra<br />

habitação na rua de Entreparedes (nºs 1 a 5), com dois an<strong>da</strong>res e águas furta<strong>da</strong>s e duas<br />

lojas <strong>no</strong> rés-do-chão. Ain<strong>da</strong> em 1863, arrematou mais uma casa na Batalha, nº 75,<br />

compra<strong>da</strong> à massa fali<strong>da</strong> de uma firma, com um an<strong>da</strong>r e também pátio interior. Em 1864,<br />

junto ao Estabelecimento Humanitário, compra duas mora<strong>da</strong>s e terre<strong>no</strong>s, na rua do<br />

Heroísmo, para demolição e construção de 4 <strong>no</strong>vas habitações (nºs 139, 141, 143, 145),<br />

praticamente idênticas, com um an<strong>da</strong>r e mirante, dota<strong>da</strong>s de quintal e servi<strong>da</strong>s por poços<br />

artesia<strong>no</strong>s, com bomba de pressão a elevar a água aos an<strong>da</strong>res, tendo estas casas sido<br />

igualmente arren<strong>da</strong><strong>da</strong>s. Mais uma vez, são casas banais, embora de quali<strong>da</strong>de, mas<br />

integra<strong>da</strong>s na linha segui<strong>da</strong> por esse tempo. Com o mesmo construtor destas casas,<br />

contrata o palácio que tencionaria habitar: com alguma imponência, o destaque vai para a<br />

esca<strong>da</strong>ria que antecede a porta de entra<strong>da</strong>, para a saca<strong>da</strong> em ferro do 1º an<strong>da</strong>r, para o<br />

mirante. Não lhe faltava o jardim frondoso, com repuxo, e, como <strong>no</strong>ta excêntrica, dois<br />

coretos de ferro forjado a ladearem o portão de entra<strong>da</strong>. Por curiosi<strong>da</strong>de, este palacete de<br />

"brasileiro", veio a ser arrematado, após a sua morte, pelo conhecido negociante de<br />

ascendência dinamarquesa João Henrique Andresen142 .<br />

Política<br />

Podemos dizer que a burguesia <strong>oitocentista</strong> do Porto tem <strong>no</strong>s "brasileiros" e <strong>no</strong>s<br />

estrangeiros (predominantemente de origem inglesa, mas também alemã e dos Países<br />

Baixos) duas linhas de força importantes, que a Associação Comercial, como patamar de<br />

convivência e de projectos negociais, ajudou a mesclar com a tradicional burguesia do<br />

Porto e até com a <strong>no</strong>breza antiga143 . Há um importante núcleo de negociantes <strong>da</strong>s<br />

diversas origens que distribuem entre si a liderança dos diversos projectos, desde bancos<br />

a companhias por acções, desde os lugares na liderança associativa aos de representação<br />

política. Confrontamos, por exemplo, as listas <strong>da</strong> "governança" <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de do Porto para a<br />

segun<strong>da</strong> metade do século passado e lá vamos encontrar grande parte dos <strong>no</strong>mes que já<br />

tínhamos encontrado na Associação Comercial, <strong>no</strong>s bancos ou companhias acima citados.<br />

142 Seguimos os detalhes informativos fornecidos por MENDES, António Lopes, ob. cit., pp. 28-46.<br />

143 Vejam-se, por exemplo, os casamentos dos filhos dos Visconde do Freixo ou de Alves Machado. Cf.<br />

ZUQUETE, Afonso Eduardo Martins (coord.), Nobreza de Portugal, Lisboa, ed. Enciclopédia, 1960.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!