15.04.2013 Views

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Jorge Fernandes Alves – Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 216<br />

que levam o emigrante a abandonar o meio onde decidira estabelecer-se, na expectativa<br />

de melhorias em local diferente.<br />

Também as consequências são diversas. A <strong>emigração</strong> de solteiros do sexo<br />

masculi<strong>no</strong>, ao nível demográfico, desequilibra a relação entre os sexos, distorce o<br />

mercado matrimonial e provoca a elevação do celibato femini<strong>no</strong>. A um nível económico,<br />

o envio <strong>da</strong>s "mesa<strong>da</strong>s" ou remessas torna-se aleatório, pois as obrigações filiais não<br />

assumem o carácter impositivo <strong>da</strong>s conjugais e paternais, e tendem a decrescer<br />

brutalmente com o eventual casamento que o jovem quase sempre acaba por realizar <strong>no</strong><br />

país de adopção, ou até, vindo casar à terra, como se conhecem alguns casos. A<br />

<strong>emigração</strong> de casados, na hipótese de não reagrupamento familiar, ao provocar a<br />

dispersão do nó conjugal por dois espaços, encerra, desde logo, consequências negativas<br />

para a natali<strong>da</strong>de, embora seja favorável sob o ponto de vista do envio de remessas, que<br />

se tornam regulares e tendem a absorver uma grande parte <strong>da</strong>s poupanças efectua<strong>da</strong>s,<br />

favorecendo ain<strong>da</strong> o <strong>retor<strong>no</strong></strong> posterior. Se, porém, à parti<strong>da</strong> de casados corresponder o<br />

reagrupamento familiar <strong>no</strong> país de acolhimento, então a <strong>emigração</strong> evolui, quase sempre,<br />

para definitiva, cortando-se a ligação directa com a terra de naturali<strong>da</strong>de, ain<strong>da</strong> que<br />

possam sobrar ligações afectivas e/ou comerciais. Isto, naturalmente, na hipótese de os<br />

emigrantes poderem assumir o desti<strong>no</strong> de acordo com a sua vontade, não sendo<br />

compelidos a processos de inversão por decisão directa ou indirecta dos países de<br />

acolhimento. Mais incaracterísticas são as situações envolvendo viúvos, tudo dependendo<br />

<strong>da</strong> fase etária, dos eventuais desenvolvimentos de descendência, <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de<br />

refazer a vi<strong>da</strong>, ou, muito simplesmente, reagrupar-se a filhos já emigrantes para efeitos de<br />

protecção na fase final <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. O seu peso insignificante <strong>no</strong> total <strong>da</strong> <strong>emigração</strong> retira-lhe,<br />

<strong>no</strong> entanto, qualquer influência decisiva <strong>no</strong> processo global.<br />

A evolução <strong>da</strong> distribuição do estado civil dos emigrantes do Porto traz-<strong>no</strong>s<br />

alguns contributos interessantes para a compreensão desta problemática ( Vd. Anexos<br />

5.5a e 5.5b).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!