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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 270<br />

quali<strong>da</strong>de para os trabalhos pesados <strong>da</strong>s fazen<strong>da</strong>s, <strong>da</strong>ndo pouco resultado e originando<br />

muitos conflitos. Como vimos atrás, as recomen<strong>da</strong>ções do Barão de Nova Friburgo,<br />

<strong>da</strong>ta<strong>da</strong>s de 1858, são eluci<strong>da</strong>tivas a este respeito - os colo<strong>no</strong>s deviam ser jovens e rurais,<br />

que não tivessem vivido em vilas ou ci<strong>da</strong>des. A <strong>emigração</strong> directa dos distritos e<br />

concelhos mais interiores sobe, então, em flecha, e o seu fluxo iguala e/ou ultrapassa o do<br />

Porto (Graf.5.14), mercê <strong>da</strong> amplificação <strong>da</strong>s redes de engajamento111 . O contingente de<br />

naturais do Porto passa, a partir de 1857, a oscilar em tor<strong>no</strong> dos 80% do fluxo migratório<br />

distrital, mas num contexto de clara diminuição de efectivos. O fluxo tradicional que saía<br />

do Porto para o Brasil mantém-se, algo indiferente às mutações conjunturais, sejam de<br />

natureza expulsiva ou de natureza atractiva, guiando-se mais pela inércia <strong>da</strong>s redes<br />

familiares e comerciais, e essa manutenção confere-lhe proporcionalmente uma maior<br />

peso relativo.<br />

Nos meados <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 70 vamos assistir a uma desci<strong>da</strong> percentual <strong>no</strong><br />

contingente dos portuenses, que estabiliza à ro<strong>da</strong> dos 65%, de <strong>no</strong>vo num contexto de<br />

incremento <strong>da</strong> <strong>emigração</strong> subsidia<strong>da</strong>, embora em <strong>no</strong>vos moldes. Este nível permanece até<br />

aos meados <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de <strong>no</strong>venta112 , mais precisamente até à legislação que impõe a<br />

passagem do passaporte <strong>no</strong> distrito de naturali<strong>da</strong>de para os me<strong>no</strong>res de 30 a<strong>no</strong>s,<br />

porme<strong>no</strong>r que inclui quase to<strong>da</strong> a <strong>emigração</strong> dos deslocados. Sublinhe-se a importância<br />

desta interferência burocrática, a condicionar a leitura <strong>da</strong>s estatísticas oficiais. Assim,<br />

estas passam, <strong>da</strong>qui para a frente, a esconder esta mobili<strong>da</strong>de interna que temos vindo a<br />

evidenciar, sugerindo que to<strong>da</strong> a <strong>emigração</strong> se faz a partir <strong>da</strong> terra de naturali<strong>da</strong>de, o que<br />

provoca a imagem do alastrar <strong>da</strong> <strong>emigração</strong> a todo o País. Na reali<strong>da</strong>de, os jovens que<br />

partem previamente para o litoral, em especial para as ci<strong>da</strong>des de Porto ou Lisboa, vêemse<br />

obrigados a ir à terra tirar o respectivo passaporte, ocultando-se as migrações prévias.<br />

Por outro lado, estas são, como estamos a verificar, mais usuais do que as informações<br />

anteriores a 1896 (basea<strong>da</strong>s <strong>no</strong> local de emissão do passaporte) sugeriam, pois estavam<br />

escondi<strong>da</strong>s atrás <strong>da</strong> concentração <strong>da</strong>s parti<strong>da</strong>s nas grandes ci<strong>da</strong>des, primeiro <strong>no</strong> Porto e<br />

depois também em Lisboa. Assim se explica que <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1899, representado <strong>no</strong><br />

gráfico, a participação de naturais do Porto atinja os 90%, mas a exigir esta leitura<br />

diferencia<strong>da</strong> <strong>da</strong> aplica<strong>da</strong> às estatísticas anteriores aqui apresenta<strong>da</strong>s.<br />

Descendo a uma análise mais porme<strong>no</strong>riza<strong>da</strong> (Quadro 5.14-a,b,c), observe-se o<br />

peso relativo que o distrito de Braga tem nesta <strong>emigração</strong>, oscilando em tor<strong>no</strong> dos 20%<br />

111 É possível que se verificasse, mercê <strong>da</strong> legislação dos meados <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 50 que recor<strong>da</strong><br />

constantemente o cumprimento <strong>da</strong>s leis anteriores, uma maior vigilância sobre os procedimentos <strong>da</strong><br />

concessão de passaportes, com alguma interferência a este nível.<br />

112 Por exemplo, para os a<strong>no</strong>s de 1885, 1886, 1887 e 1888 a participação dos naturais do distrito na<br />

emissão de passaportes foi de 69, 66, 68 e 70%, respectivamente.

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