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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 357<br />

accionistas para 5000, ficando as restantes em reserva), a eleição para a direcção foi<br />

disputadíssima, tendo ganho o negociante do Porto João Ferreira dos Santos Silva (barão<br />

de Santos) a Joaquim Ferreira dos Santos (brasileiro 110 e futuro Conde de Ferreira) por<br />

escassos votos, o que <strong>no</strong>s mostra desde já o peso dos brasileiros na praça do Porto 111 ,<br />

numa altura decisiva para o seu futuro, o <strong>da</strong> criação do primeiro (e durante vinte a<strong>no</strong>s o<br />

único) banco comercial, a que será depois conferido o direito de emitir moe<strong>da</strong>.<br />

Já <strong>no</strong> segundo banco a ser criado <strong>no</strong> Porto - o Mercantil Portuense (1855), os<br />

brasileiros tem um forte ascendente quer na Assembleia Geral (com José Joaquim Leite<br />

Guimarães), quer na direcção (António de Sousa Barbosa, depois Francisco Pinto de<br />

Miran<strong>da</strong>). Do mesmo modo estarão "em peso" <strong>no</strong> terceiro - o Banco União (1862), com o<br />

Visconde de Pereira Machado, Delfim <strong>da</strong> Cunha Lima, Manuel J. Monteiro Braga, A.J.<br />

Monteiro Guimarães, Francisco José Cardoso, Joaquim Pinto Leite. E não podemos<br />

esquecer que o estabelecimento do "Brasilian and Portuguese Bank", <strong>no</strong> seu efémero<br />

estabelecimento em Portugal (1864-65), tinha <strong>no</strong>s seus fun<strong>da</strong>dores e administradores do<br />

Rio de Janeiro, dois portuenses, o Conde de S. Salvador de Matosinhos, João José dos<br />

Reis, já atrás referenciado como uma <strong>da</strong>s figuras de maior crédito na banca brasileira do<br />

seu tempo, e ain<strong>da</strong> o Conde de S. Mamede, Rodrigo Pereira Felício, natural de S.<br />

Mamede de Infesta, aonde nascera em 22 de Janeiro de 1820. Ambos contribuiram para a<br />

transformação do banco em "English Bank of Rio de Janeiro", em 1866, na sequência <strong>da</strong>s<br />

turbulências bancárias que então por lá se viveram, que se tor<strong>no</strong>u num dos bancos mais<br />

utilizados para saques de cambiais a favor de Portugal.<br />

Pelos a<strong>no</strong>s 60, encontramos ain<strong>da</strong> "brasileiros" em diversas companhias <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de: Cª. de Seguros Garantia, Cª. de Mineração Perseverança, Cª. de Nova Utili<strong>da</strong>de<br />

Pública, Cª. Portuense de Iluminação a Gaz, bem como nas sucessivas direcções <strong>da</strong> Cª do<br />

Palácio de Cristal. Outros apostam na "Carris de Ferro do Porto", na cª de seguros<br />

"Indeminisadora", ou directamente na indústria, como a "Fiação Portuense", sendo este o<br />

caso de Francisco António de Lima112 , entre outros.<br />

Relativamente à fun<strong>da</strong>ção do Palácio de Cristal, embora o grande dinamizador <strong>da</strong><br />

ideia tenha sido João Allen, sublinhe-se que os "brasileiros" do Porto estiveram presentes<br />

na sua origem: a primeira reunião dos fun<strong>da</strong>dores foi presidi<strong>da</strong> pelo Visconde de Pereira<br />

110 Sublinhe-se que nesta altura Joaquim Ferreira dos Santos assumia a condição de ci<strong>da</strong>dão brasileiro, o<br />

que deve ter pesado na sua não eleição, para evitar o domínio de um estrangeiro. A declaração na Câmara<br />

Municipal para recuperar a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia portuguesa <strong>da</strong>ta de 1842.<br />

111 E não esqueçamos que Santos Silva, um negociante tradicional do Porto, tinha na família, por parte <strong>da</strong><br />

mulher, importantes negociantes <strong>no</strong> Brasil, para os quais enviará até um dos filhos, o que revela a<br />

complexi<strong>da</strong>de de uma análise neste domínio.<br />

112 Cf. CASTRO, Abílio de, "Commen<strong>da</strong>dor Francisco António de Lima", Commercio e Industria, vol.2,<br />

nº72.

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