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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 68<br />

e afirmação unilateral, a Associação pugnará pelo estabelecimento de um tratado com o<br />

Brasil, desde 1835, ou seja, pouco depois <strong>da</strong> sua formação, até aos inícios do século XX,<br />

com fases de esquecimento consoante a capaci<strong>da</strong>de de influência <strong>da</strong>s diversas facções,<br />

quase sempre submersas pelos poderosos interesses do Vinho do Porto. A esse facto, não<br />

terão sido alheios os diversos comerciantes retornados do Brasil, alguns deles mesmo<br />

tendo optado pela naturali<strong>da</strong>de brasileira, que eram sócios <strong>da</strong> Associação e viam os seus<br />

negócios envoltos em dificul<strong>da</strong>des, sobretudo com as medi<strong>da</strong>s pautais em relação aos<br />

géneros coloniais (açúcar, café, chá, aguardente, etc.) e as tentativas de restrição <strong>da</strong><br />

<strong>emigração</strong> que se propalavam desde 1836. Recordemos que em 1838, um almanaque <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de regista 163 negociantes brasileiros com porta aberta na ci<strong>da</strong>de, desenvolvendo<br />

negócios com o Brasil ou gerindo, à distância, os interesses que lá deixaram, muitos dos<br />

quais eram sócios <strong>da</strong> Associação 71 .<br />

Um desses brasileiros, por adopção de nacionali<strong>da</strong>de, era Joaquim Ferreira dos<br />

Santos que, tendo-se retirado para Portugal em 1831 e instalado <strong>no</strong> Porto em 1833, após o<br />

Cerco, animava algum comércio, quer carregando por sua conta o seu brigue Activo,<br />

navegando sob bandeira brasileira, quer participando <strong>no</strong>utras carregações em diferentes<br />

navios, enquanto esperava pela hipótese de regressar. Da sua casa do Brasil man<strong>da</strong>va vir<br />

produtos comprados, além de procurar escoar as produções <strong>da</strong>s suas fazen<strong>da</strong>s. Assim,<br />

embarcava regularmente e consoante as condições do mercado couros, café, açúcar e<br />

aguardente 72 . Em 1835, em face <strong>da</strong> <strong>no</strong>va situação pautal, já ele se queixava <strong>da</strong>s despesas<br />

com a embarcação: "aqui tem, meu compadre, para que servem os navios; em outro<br />

tempo se empunha com elles, mas hoje só servem para descredito de quem os possue, isto<br />

he, porque dão cabo <strong>da</strong>s finanças". Depois de repeti<strong>da</strong>s queixas a amigos e<br />

71 Cf. Directório <strong>da</strong> Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal, e Invicta Ci<strong>da</strong>de do Porto para o an<strong>no</strong> de 1838,<br />

Porto, Typographia Commercial Portuense. Desses comerciantes brasileiros, 32 eram sócios <strong>da</strong> Associação<br />

nesse a<strong>no</strong> (21% <strong>no</strong> total de 150), embora não seja possível chegar a um número exacto, devido ao facto de<br />

os registos deixarem algumas dúvi<strong>da</strong>s. (N.B. As primeiras listas de sócios surgem desgarra<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s "livros<br />

de contas" <strong>da</strong> Associação).<br />

72 Uma carregação do seu brigue Activo, por sua conta exclusiva trans<strong>porto</strong>u o seguinte: 2000 couros,<br />

1280 sacos de café, 81 caixas de açúcar e 20 pipas de aguardente. Em 1837 dá ordens proibindo o envio de<br />

mais aguardente, <strong>da</strong>dos os direitos elevados que pagava face à <strong>no</strong>va pauta.

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