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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 243<br />

mecanismos jurídicos que facilitaram a mobili<strong>da</strong>de e aceleraram a pulverização <strong>da</strong> terra<br />

associaram-se meios de crédito e estratégias de concentração relativa que modificaram<br />

substancialmente a paisagem social do campesinato do Noroeste e produziram<br />

excedentes directos para a <strong>emigração</strong>.<br />

Ain<strong>da</strong> enquadrados <strong>no</strong> sector primário surgem os pescadores, às vezes designados<br />

por marítimos, embora esta última designação seja mais abrangente, pois pode,<br />

eventualmente, referir-se a homens de bordo na marinha mercante. Quase sempre, porém,<br />

o seu sentido é o de pescadores. Classe socio-profissional de "expatriação contínua" ,<br />

<strong>da</strong>do o seu estado de miséria latente, o seu êxodo acentuar-se-á na segun<strong>da</strong> metade do<br />

século XIX: <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 50 e 60 entram em alguns contratos de engajamento, mas será a<br />

partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 80 que o êxodo começa a tornar-se mais significativo, com o processo<br />

de reestruturação que então se começa a verificar e de que as componentes mais<br />

significativas são o aparecimento de barcos a vapor e a organização de companhias<br />

segundo as <strong>no</strong>vas fórmulas de organização empresarial, isto é, as socie<strong>da</strong>des por acções,<br />

atraindo capital exterior à activi<strong>da</strong>de. Tais barcos começam a utilizar processos mais<br />

eficazes de pescar, através <strong>da</strong>s redes de arrasto, o que trouxe conflitos com os pescadores<br />

tradicionais, os quais protestavam contra a destruição <strong>da</strong>s redes usuais e contra a razia na<br />

procriação, além <strong>da</strong> baixa de quali<strong>da</strong>de do pescado. No entanto, estas companhias<br />

acabarão por se impor e a re<strong>no</strong>vação tec<strong>no</strong>lógica permite-lhes utilizar pouco pessoal e<br />

obter mais elevado rendimento, sendo os pescadores artesanais as vítimas deste processo.<br />

A <strong>emigração</strong> para o Brasil foi, para muitos, a solução, sendo significativa a quebra do<br />

número de pescadores <strong>no</strong> final do século em colónias de pesca tradicionais, com destaque<br />

para a <strong>da</strong> Póvoa de Varzim que <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s setenta era ain<strong>da</strong> numerosíssima63 .<br />

Sector secundário<br />

Passando ao agrupamento do sector secundário, vamos encontrar um grande<br />

número de activi<strong>da</strong>des profissionais. A <strong>da</strong> construção civil é aquela que contribui com<br />

maior percentagem para a <strong>emigração</strong> do sector (ver anexo). Pedreiros, em larga escala<br />

(em 1875, atingem o pico de 325), e trolhas, canteiros e pintores são os artífices mais<br />

referenciados neste contexto e trespassam para o lado de lá técnicas e formas de<br />

O autor ao mesmo tempo que apresenta a hipótese <strong>da</strong> quinta "como refúgio e uma base de subsistência <strong>no</strong><br />

caso de desastre financeiro ou de grande crise económica", sublinha sobretudo a preocupação aristocrática<br />

dos citadi<strong>no</strong>s enriquecidos na compra de quintas, havendo famílias do Porto que "fazem um esforço e<strong>no</strong>rme<br />

para que ca<strong>da</strong> filho tenha a sua quinta <strong>no</strong> Minho".<br />

63 Cf. ALVES, Jorge Fernandes, "A Pesca e os pescadores do litoral portuense em 1868", Revista <strong>da</strong><br />

Facul<strong>da</strong>de de Letras - História, II série, vol. VIII, Porto, 1991, pp. 151-184.

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