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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 382<br />

forma a cobrir apenas as despesas de manutenção e os conjuntos seriam designados por<br />

"Bairro dos Pobres - de António Monteiro dos Santos" 170 .<br />

Esta filantropia urbana está longe de se esgotar através <strong>da</strong> Santa Casa <strong>da</strong><br />

Misericórdia. Os "brasileiros" contribuem ou tomam mesmo a iniciativa de muitas outras<br />

instituições autó<strong>no</strong>mas: se já citamos o exemplo do Barão de Nova Cintra, poderíamos<br />

referir também a criação ou re<strong>no</strong>vação de <strong>no</strong>vas misericórdias concelhias, de forma a<br />

criar os hospitais locais, quer dirigindo-as, quer concedendo-lhe fundos para a sua<br />

acção171 . Além disso, surgem instituições muito localiza<strong>da</strong>s, sobretudo em zonas<br />

operárias, onde as mulheres são solicita<strong>da</strong>s a trabalhar fora de casa e há tempos cíclicos<br />

de desemprego e miséria: <strong>no</strong> primeiro sentido, refira-se a acção do "brasileiro" João<br />

Vicente Martins como primeiro instituidor e presidente <strong>da</strong> Associação <strong>da</strong> Creche de S.<br />

Vicente de Paulo, <strong>no</strong> Porto (rua do Alma<strong>da</strong>), oficializa<strong>da</strong> a 21 de Novembro de 1852 e a<br />

primeira <strong>no</strong> País172 , sendo, após o regresso <strong>da</strong>quele ao Rio de Janeiro, administra<strong>da</strong> pelo<br />

dr. António Ferreira Moutinho, médico, ex-emigrante <strong>no</strong> Brasil e depois banqueiro; <strong>no</strong><br />

segundo sentido, cite-se como exemplo, como por exemplo a Associação de Beneficência<br />

e Cari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> freguesia de Cedofeita, para a qual contribuíam diversos "brasileiros" <strong>da</strong><br />

zona173 . Sem esquecermos a importante Associação Comercial de Beneficência,<br />

desenvolvi<strong>da</strong> pela Associação Comercial do Porto e na qual os principais cargos eram<br />

tradicionalmente preenchidos por "brasileiros" afectos à casa, já aqui muito citados<br />

(Visconde de Pereira Machado, Barão de Nova Cintra, entre outros), com uma acção<br />

importante para os bairros ribeirinhos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, por ocasião de cheias e de focos<br />

epidémicos. A preocupação com a educação <strong>da</strong> juventude é ain<strong>da</strong> um <strong>da</strong>do importante na<br />

província, de que o exemplo mais duradouro é a criação <strong>da</strong> Casa Pia de Paço de Sousa<br />

(Penafiel), por legado do ex-emigrante Francisco José Ferraz174 .<br />

Nos meios rurais, a filantropia dos brasileiros não era tão vistosa como a <strong>da</strong>queles<br />

"brasileiros" urba<strong>no</strong>s (embora muitos deles fossem de origem rural), mais endinheirados<br />

e que faziam dos actos de benemerência uma marca do seu estatuto social, <strong>da</strong>ndo assim<br />

170 A.S.C.M.P., ibidem, nº 70, pp. 241-245.<br />

171 Refira-se, mais uma vez, o caso do Conde de S. Bento, em Santo Tirso, ao <strong>da</strong>r um legado para o<br />

hospital e asilo, depois confirmado e ampliado pelo seu sobrinho, herdeiro e sucessor na casa comercial do<br />

Pará, José Luís de Andrade.<br />

172 Cf. "Creches de S. Vicente de Paulo", C.P., de 12 de Abril de 1876. Entre os retratos dos benfeitores <strong>da</strong><br />

Creche do Porto lá estava o do Conde de Ferreira.<br />

173 Por exemplo, Miguel Dantas Gonçalves Pereira, o Pe. Manuel Moreira <strong>da</strong> Gama e A.M. Vieira de<br />

Castro.<br />

174 Inicialmente entregue a uma comissão administrativa, instalar-se-á na quinta do antigo mosteiro local.<br />

Passou depois para a administração directa <strong>da</strong> Junta Geral do Distrito (decreto 6095 de 25 de Agosto de<br />

1919). Nos a<strong>no</strong>s quarenta é entregue à obra do Pe. Américo. Cf. A Junta de Província do Douro Litoral em<br />

1937, Porto, 1937, p. 21.

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