15.04.2013 Views

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Jorge Fernandes Alves – Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 220<br />

Mesmo na fase finissecular, quando a <strong>emigração</strong> familiar é mais níti<strong>da</strong>, esta<br />

superiori<strong>da</strong>de <strong>da</strong> parti<strong>da</strong> dos homens casados sobre as mulheres casa<strong>da</strong>s se mantém a um<br />

nível (4) que assegura largamente a fragmentação familiar, propiciadora do envio de<br />

remessas e do <strong>retor<strong>no</strong></strong>: podemos dizer que, nesta altura, a parti<strong>da</strong> ou reagrupamento de<br />

famílias não supera os 25% <strong>da</strong> componente emigratória dos homens casados.<br />

5.5 - Os tempos individuais<br />

Há um tempo para tudo ? Há um tempo para emigrar?<br />

Na <strong>emigração</strong> a i<strong>da</strong>de é um factor decisivo, que conjugado com outras variáveis,<br />

tais como o ensi<strong>no</strong> e/ou a aprendizagem profissional, pode determinar os níveis de<br />

sucesso, ser preponderante <strong>no</strong> mercado de trabalho e na inserção social do país de<br />

acolhimento. Os trajectos migratórios a desenvolver, as expectativas a perseguir, estão<br />

muito condicionados pela i<strong>da</strong>de, sendo muito diferente a <strong>emigração</strong> de um jovem solteiro<br />

<strong>da</strong> de um adulto casado, aquele mais decidido a correr riscos, a suportar aprendizagens,<br />

este, <strong>no</strong>rmalmente, mais cauteloso, porque cheio de obrigações e com necessi<strong>da</strong>de<br />

premente de ganhar dinheiro.<br />

Na <strong>emigração</strong> tradicional para o Brasil, rumo ao caixeirato urba<strong>no</strong>, a inserção e a<br />

ascensão social estavam muitas vezes dependentes <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de e do estado civil, pois a<br />

"arrumação" de um jovem que desse provas de confiança ao patrão passava, com mais<br />

frequência do que se <strong>no</strong>rmalmente se supõe, pelo casamento com uma <strong>da</strong>s suas herdeiras,<br />

como <strong>no</strong>s diz Gilberto Freire:<br />

" Explica-se, em parte, que o negociante português preferisse para primeirocaixeiro<br />

o genro português ao próprio filho, mestiço ou apenas nascido <strong>no</strong> Brasil, em<br />

face <strong>da</strong> disciplina severa a que tinha de submeter-se <strong>no</strong>s armazéns e lojas o caixeirinho<br />

vindo de Portugal para o <strong>no</strong>sso País quase como escravo. Escravo louro cuja formação<br />

se fazia dentro do próprio armazém despoticamente patriarcal e mo<strong>no</strong>sexual. Crescia ele<br />

sob uma disciplina que muitas vezes faltava ao filho do próprio português, mimado pela<br />

mãe e educado por ela e às vezes pelo pai de modo a parecer filho de senhor <strong>da</strong> terra ou<br />

de engenho e não de mercador ou taverneiro" 46 .<br />

A ver<strong>da</strong>de é que este fenóme<strong>no</strong> era uma expectativa real, muito dissemina<strong>da</strong> <strong>no</strong><br />

caixeirato portuense, por entre a multiplici<strong>da</strong>de de fantasias e miragens do "Eldorado"<br />

46 Ob. cit. p. 271.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!