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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 388<br />

"Activo", e participa activamente, como já referimos <strong>no</strong>utro local deste estudo, na<br />

organização e defesa dos interesses <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de comercial brasileira. Aqui vai<br />

comprar um grande número de pipas de vinho do Porto, <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 40, face à crise então<br />

vivi<strong>da</strong> na exportação, onde aplicou cerca de 300 contos de réis, acto que lhe valeu elogios<br />

por ter contribuído para a diminuição dos problemas dos produtores, e críticas por ter<br />

comprado a baixo preço à espera de especular. Torna-se, então, em modesto exportador<br />

de vinho do Porto para Inglaterra, com pouco sucesso, pois a maioria deste e de outro<br />

vinho adquirido acabará por cedê-lo a negociantes tradicionais mais tarde. Participa ain<strong>da</strong><br />

como um dos mais importantes accionistas na organização do Banco Comercial do Porto<br />

e disputa a respectiva presidência que perdeu por escassos votos.<br />

Mas será a sua ligação à política que o catapultará para a <strong>no</strong>bilitação e para o<br />

estatuto de homem público. Com muitos dos comerciantes que integravam a Associação<br />

Comercial do Porto, participou activamente na revolta de 27 de Janeiro de 1842 que<br />

restaurou a Carta Constitucional, lidera<strong>da</strong> por Costa Cabral a partir do Porto. Para o que<br />

desse e viesse, era o Presidente <strong>da</strong> Comissão do Tesouro, colaborando com a Junta<br />

Provisória, tendo como função arreca<strong>da</strong>r os fundos necessários à manutenção <strong>da</strong> tropa e<br />

outras despesas. A sua ligação a Costa Cabral é tal que chega a solicitar contribuições<br />

para uma subsídio pessoal àquele, já depois de garantido o êxito <strong>da</strong> revolta. Na forna<strong>da</strong><br />

de Pares com que Costa Cabral vai introduzir na respectiva Câmara os seus apaniguados,<br />

lá estará Joaquim Ferreira dos Santos, ain<strong>da</strong> que para isso tivesse de correr na véspera <strong>da</strong><br />

<strong>no</strong>meação à Câmara Municipal do Porto a fazer a sua opção pela nacionali<strong>da</strong>de<br />

portuguesa. Facto este que lhe custou dissabores e achincalhamento nas Cortes, pouco<br />

interessa<strong>da</strong> em patrocinar a ascensão dos cabralistas e para isso lançando mão de todos os<br />

pretextos183 . Depois é a corri<strong>da</strong> aos títulos, em sincronia com os momentos de afirmação<br />

cabralista: barão (7.10.1842), visconde (21.6.1843), conde (6.8.1850). Deixa, por altura<br />

dos primeiros títulos, os seus negócios, por alega<strong>da</strong> incompatibili<strong>da</strong>de.<br />

É, assim, pela via política que integrará a "confederação agiótica" do cabralismo,<br />

como diziam os detractores, referindo-se ao grupo que celebrava todos os contratos com<br />

o gover<strong>no</strong> <strong>da</strong> altura (J.M. Eugénio de Almei<strong>da</strong>, M.G.S. Romão, Carlos Morato Roma,<br />

Tomás Bessone e poucos mais). Entra com os seus capitais para as diversas iniciativas:<br />

Companhia Confiança Nacional, contrato do Tabaco, Sabão e Pólvora, Companhia dos<br />

Canais de Azambuja, Companhia <strong>da</strong>s Obras Públicas, Companhia do Gás Lisbonense.<br />

Por isso, com as agitações populares de 1846-48, de feição anti-cabralista, apanha um<br />

grande susto, vivendo quase seis meses de reclusão na sua casa do Bonfim e ficando<br />

183 Cf. Diário <strong>da</strong> Câmara dos Pares, diversos nºs de Maio de 1842.

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