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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 298<br />

pouco honrosas para quem as emite, não sendo a me<strong>no</strong>r levian<strong>da</strong>de o classifica-la de<br />

terra miseravel."<br />

Mas o cônsul estabelece uma distinção entre os imigrantes de origem urbana e<br />

operária e os de origem rural, ressalvando que os primeiros são patriotas, amam a sua<br />

terra e anseiam pelo regresso, aonde querem construir casa e casar com portuguesa5 .<br />

Dificul<strong>da</strong>de de percepção <strong>no</strong>s traços distintos de integração, impostos pela profissão e<br />

local de fixação, já que o trabalho urba<strong>no</strong>, ao contrário do agrícola, permite uma maior<br />

mobilização de recursos e de contactos e não prende o indivíduo à terra?<br />

Num registo mais discreto, o cônsul de Porto Alegre, ao mesmo tempo que mostra<br />

a participação portuguesa <strong>no</strong> capital <strong>da</strong>s mais importantes empresas <strong>da</strong> região, converge<br />

<strong>no</strong>s mesmos traços do retrato do imigrante português: "Geralmente constitue familia, não<br />

pensando mais em regressar á terra natal, onde só recor<strong>da</strong>ções amargas o prendem, mas<br />

sim trabalhar para garantir o futuro dos seus filhos que são para todos os casos<br />

brasileiros e, facto <strong>no</strong>tavel, os peores inimigos de Portugal" 6 .<br />

Também, em Pernambuco, se reconhecia a "facil desnacionalisação" dos<br />

portugueses, o seu gosto pela participação na vi<strong>da</strong> política e a corri<strong>da</strong> à inscrição como<br />

eleitor, "para participarem <strong>da</strong> distribuição de logares municipais ou para á sombra <strong>da</strong><br />

protecção eleitoral melhor conseguirem equilibrar a situação eco<strong>no</strong>mica". Outros<br />

requeriam e pagavam patentes na milícia, gozando de uma consideração especial, quer<br />

pela sua situação económica, quer pela conferi<strong>da</strong> pela de<strong>no</strong>minação de coronel ou, em<br />

alternativa, de comen<strong>da</strong>dor 7 .<br />

No mesmo sentido vão as respostas de outras regiões, como as do Pará ou Rio<br />

Grande ("são raros os que, depois de estarem aqui algum tempo, voltam para Portugal.<br />

Aqueles mesmos que trazem família não voltam; deixam-se, enfim, assimilar ") 8 . Embora<br />

reconhecendo que há sempre portugueses que não conseguem emprego, por serem<br />

analfabetos, despidos de habilitações profissionais ou idosos, os quais correm ao<br />

consulados a pedir a repatriação, a ideia geral prevalecente é a <strong>da</strong> integração e<br />

assimilação fácil do português que investe a sua riqueza em bens de raiz, títulos de dívi<strong>da</strong><br />

pública do Brasil, bancos e seguradoras e, <strong>no</strong>s finais do século, já <strong>no</strong> campo industrial.<br />

5 In "Manaus - a colónia portugueza <strong>no</strong> Amazonas", Boletim <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de de Geographia de Lisboa, nº<br />

10, 32ª série, Out. de 1914, pp.363-375.<br />

6 In "Porto Alegre - Relatório consular", ibidem, nº 11, 32ª série, Nov. 1914. pp. 411- 421.<br />

7 SANTOS, José Augusto Ribeiro de, "O cônsul de Portugal <strong>no</strong> Pará à Socie<strong>da</strong>de de Geographia de<br />

Lisboa", Boletim <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de de Geographia de Lisboa, nºs 8-9, 31ª série, Agosto-Setembro de 1913, p.<br />

294.<br />

8 In "Colónias Portuguesas em Países Estranjeiros", Boletim <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de de Geographia de Lisboa, nºs 5-<br />

6, 31ª série, Maio-Junho de 1913, pp. 197-218.

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