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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista<br />

<strong>da</strong><strong>no</strong>s provocados pelas invasões francesas. Segundo Caio Prado Júnior 63 , quase 50% do<br />

exército que então se forma <strong>no</strong> Brasil é constituído por escravos e a outra parcela por<br />

"elementos heterogéneos e mal assimilados", pelo que se pode apreciar o perigo potencial<br />

que <strong>da</strong>í decorria para a estabili<strong>da</strong>de do regime, a que os acontecimentos do Haiti (com os<br />

escravos a assumirem o poder) vem conferir um papel de fantasma.<br />

Agora, o Brasil passa a aceitar todo o indivíduo estrangeiro que para aí se dirige,<br />

facilitando-lhe medi<strong>da</strong>s interditas até 1808, como o direito à aquisição de proprie<strong>da</strong>de, e<br />

inicia-se também uma política delibera<strong>da</strong> de atracção de europeus. Esta traduz-se na<br />

criação <strong>da</strong>s primeiras colónias - Santo Agostinho (em 1812), na província do Espírito<br />

Santo, com portugueses, Nova Friburgo (1818) e Leolpoldina (1819), ambas na província<br />

do Rio de Janeiro, com suíços e alemães, cria<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> em ple<strong>no</strong> reinado de D. João VI64 , o<br />

qual culmina esta acção com a publicação de uma lei, em 1820, convi<strong>da</strong>ndo alemães<br />

católicos a virem estabelecer-se e receber terras <strong>no</strong> Brasil65 .<br />

Em 1824, D. Pedro, já imperador do Brasil independente, chama alemães ao<br />

exército com a promessa de lhes conceder terras em condições vantajosas, depois de<br />

licenciados. Como incentivo, promove de imediato dois estabelecimentos (Feitoria-a-Velha<br />

e Estancia-Velha) para as quais atrai desde logo algumas famílias <strong>da</strong> mesma<br />

nacionali<strong>da</strong>de66 , que estão na origem <strong>da</strong>s colónias de S. Leolpoldo (Rio Grande do Sul), em<br />

1825, as quais se alargam e prosperam, com <strong>no</strong>vos estabelecimentos, vindo a constituir um<br />

exemplo modelar67 . Os primeiros estabelecimentos tiveram incentivos excepcionais :<br />

viagem paga do lugar de embarque até à colónia, direito de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia à chega<strong>da</strong> ao Brasil,<br />

tolerância religiosa, doação de terras medi<strong>da</strong>s e demarca<strong>da</strong>s, fornecimento gratuito de gado<br />

e cavalos, subsídios por espaço de 2 a<strong>no</strong>s, dispensa de serviço militar <strong>no</strong>s primeiros 10<br />

a<strong>no</strong>s, com a única obrigação de os colo<strong>no</strong>s não venderem os seus prazos por igual período,<br />

63 In Evolução Política do Brasil e Outros Estudos, S. Paulo, Brasiliense, 1963, p. 245.<br />

64 Sobre a colonização deste período, cf. TELLES, Moreira, O Brazil e a Emigração, Lisboa, Livraria<br />

Ventura Abrantes, 1913, pp. 28-34. E, naturalmente, LIMA, Oliveira, D. João VI <strong>no</strong> Brazil: 1808-1821, 2<br />

vols., Rio de Janeiro, Typ. do Jornal do Comercio, 1908.<br />

65 Cf. JAHN, A<strong>da</strong>lberto, As Colónias de S. Leolpoldo na Província Brasileira do Rio Grande do Sul e<br />

Reflexões Gerais sobre a Immigração Espontânea e Colonização <strong>no</strong> Brazil, Leipzig, 1871, p. 2. Cf. ain<strong>da</strong><br />

CARVALHO, A., ob.cit., pp. 77-78 (vd. também mapa final).<br />

66 Cf. JAHN, A. ob. cit., p. 3.<br />

67 Segundo Carvalho, deu origem ao município de S. Leolpoldo. Em 1875 tinha 15000 colo<strong>no</strong>s natos ou<br />

nacionalizados e 6669 estrangeiros de diversas nacionali<strong>da</strong>des e religiões, e uma vi<strong>da</strong> económica intensa, com<br />

múltiplos estabelecimentos. Das diversas pica<strong>da</strong>s sucessivamente abertas, refira-se a do "Rincão dos Ilhéus",<br />

constitui<strong>da</strong> por colo<strong>no</strong>s <strong>da</strong>s ilhas atlânticas. No entanto, as dificul<strong>da</strong>des iniciais foram muitas, desde o<br />

abando<strong>no</strong> do poder central, ao não construir as habitações previstas, até à animosi<strong>da</strong>de de fazendeiros<br />

vizinhos que não viam com bons olhos o trabalho livre na vizinhança, e mesmo o ataque de indígenas, factos<br />

que levaram muitos dos colo<strong>no</strong>s a fugirem para as ci<strong>da</strong>des. (CARVALHO, A., ob. cit, pp. 111-114 e mapa<br />

final).<br />

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