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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 403<br />

Resumindo: entre a "sau<strong>da</strong>de" e o ressentimento, o <strong>retor<strong>no</strong></strong> <strong>da</strong> <strong>emigração</strong> do Brasil<br />

terá sido bastante importante, diminuindo o impacto do efeito <strong>da</strong> <strong>emigração</strong>, embora sem<br />

compensar os a<strong>no</strong>s de "vazio" demográfico que a respectiva ausência provocou. Se há<br />

uma imagem oficiosa basea<strong>da</strong> na ideia de que o português abandona a pátria e se<br />

dissemina pelo mundo, a<strong>da</strong>ptando-se à diversi<strong>da</strong>de de culturas, com elas convivendo<br />

pacificamente, também a contra-imagem do <strong>retor<strong>no</strong></strong> a contrabalança, podendo dizer-se<br />

que, pelos escassos <strong>da</strong>dos existentes, se equilibram mutuamente em termos quantitativos.<br />

Tanto mais ver<strong>da</strong>de quanto é certo que as estatísticas de parti<strong>da</strong> dissimulam um<br />

importante peso <strong>da</strong> re<strong>emigração</strong> que a partir dos finais <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 70 do século passado<br />

assumiu percentagens consideráveis com a generalização do vapor e o embaratecimento e<br />

me<strong>no</strong>r duração <strong>da</strong>s viagens.<br />

A ideia do "brasileiro" quarentão que volta não endinheirado mas com algum "pé<br />

de meia" que lhe permite estabelecer-se de forma independente através de um peque<strong>no</strong><br />

comércio, oficina ou exploração agrícola é a mais correcta, segundo os indicadores<br />

sociais apurados. Efectivamente os que retornam em força não se demoram muitos a<strong>no</strong>s,<br />

tudo indicando que foram ao Brasil para resolverem problemas pontuais ou não se<br />

integraram de forma satisfatória, facto que os leva ao <strong>retor<strong>no</strong></strong> na primeira oportuni<strong>da</strong>de.<br />

Os muito afortunados são efectivamente poucos, e esses deverão passar bastantes déca<strong>da</strong>s<br />

<strong>no</strong> Brasil de forma a acumularem a sua fortuna. De qualquer forma, o peque<strong>no</strong> "pé-demeia"<br />

para além de contribuir para a construção ou a<strong>da</strong>ptação <strong>da</strong> casa, aplicado em<br />

valores mobiliários garante pequenas ren<strong>da</strong>s que dão ao "brasileiro" uma capaci<strong>da</strong>de<br />

económica líqui<strong>da</strong> acima <strong>da</strong> grande maioria <strong>da</strong> população, o que explica uma elevação de<br />

estatuto social de que o mercado nupcial se torna um bom indicador, principalmente<br />

numa região em que os lucros líquidos <strong>da</strong> faina agrícola são escassos, quando existem, e<br />

se exigem permanentes injecções de capital exterior para manter as uni<strong>da</strong>des agrícolas.<br />

Por isso não só o <strong>retor<strong>no</strong></strong> com algum capital, tal como as remessas envia<strong>da</strong>s como<br />

mesa<strong>da</strong>s, colocação de capitais na dívi<strong>da</strong> pública e compra de acções, aquisição de bens<br />

para o <strong>retor<strong>no</strong></strong> futuro ou para doações, se tornam decisivas, não só a nível local como<br />

nacional, sendo um elemento indispensável ao equilíbrio <strong>da</strong> <strong>no</strong>ssa balança de pagamentos<br />

com o exterior, embora com o aspecto negativo de aju<strong>da</strong>rem a constituir uma eco<strong>no</strong>mia<br />

de subsídio.<br />

Se o papel do "brasileiro" retornado na socie<strong>da</strong>de de que partiu é essencialmente<br />

conservador ou de jubilação, procurando viver de forma independente ou, <strong>no</strong> melhor dos<br />

casos, numa situação de retirado <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> activa, não podemos esquecer os fluxos de<br />

numerosos negociantes que do lado de cá se instalaram nas ci<strong>da</strong>des e investiram em

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