15.04.2013 Views

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 391<br />

que o obriga a vender cautelas pelas ruas. Enriquecido, retorna e fixa-se de <strong>no</strong>vo <strong>no</strong><br />

Porto, por 1870, participando <strong>da</strong> euforia económica que, por essa altura, se viveu ao redor<br />

<strong>da</strong> Associação Comercial. Dedica-se, então, a empresas de transporte ferroviário e<br />

marítimo, com pouco sucesso. A política foi o passo seguinte, conjugando a vi<strong>da</strong><br />

autárquica com a parlamentar até ao resto <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, o que o levou, a partir <strong>da</strong>í, a uma<br />

pendulari<strong>da</strong>de residencial, entre Paredes de Coura e Lisboa. Estátua e <strong>no</strong>mes de rua<br />

lembram-lhe, ain<strong>da</strong> hoje, o <strong>no</strong>me na terra natal e concelhos vizinhos.<br />

Natural de Formariz (Paredes de Coura), era um dos filhos de um boticário que<br />

frequentemente ocupava lugares administrativos, por indicação do "influente" local, ao<br />

serviço do cartismo primeiro, <strong>da</strong> regeneração depois. Após as primeiras letras, a decisão<br />

paterna e a rede familiar levaram-<strong>no</strong> a caixeirar <strong>no</strong> Porto, na casa <strong>da</strong> rua <strong>da</strong>s Flores, nº<br />

323, de um seu parente, Manuel Inácio Pereira <strong>da</strong> Silva, onde ingressa com 10 a<strong>no</strong>s ( a 2<br />

de Abril de 1846). Aí fica quase cinco a<strong>no</strong>s e, a 3 de Junho de 1851, encontramo-lo a tirar<br />

passaporte (nº 2386) <strong>no</strong> Gover<strong>no</strong> Civil do Porto, partindo na barca "Amélia", com 14<br />

a<strong>no</strong>s e a aju<strong>da</strong> de um tio comerciante ali estabelecido187 que o terá recomen<strong>da</strong>do e/ou<br />

financiado.<br />

No Rio de Janeiro, após várias experiências, entra em 1858 para uma loja de<br />

miudezas e armarinho, <strong>da</strong> rua <strong>da</strong> Quitan<strong>da</strong>, de que era proprietário Casimiro Ferreira<br />

Coelho. Dois a<strong>no</strong>s depois é sócio <strong>da</strong> firma, a qual passa a adoptar a razão "Coelho &<br />

Pereira" (16 de Fevereiro de 1860). Estabelecido, casa-se <strong>no</strong> mês seguinte, com uma<br />

brasileira que lhe traz dez contos de réis de dote e lhe <strong>da</strong>rá a única filha. Dois a<strong>no</strong>s<br />

depois (22 de Maio de 1862), o sócio retira-se, o que implica o fim legal <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e<br />

a formação de outra, para substituição <strong>da</strong> razão social, continuando na mesma linha de<br />

negócio.<br />

Vale a pena determo-<strong>no</strong>s neste acto de socie<strong>da</strong>de (de cuja cópia dispomos), para<br />

apreendermos o sentido mais profundo destes processos tão apregoados de passagem <strong>da</strong>s<br />

casas comerciais de portugueses radicados <strong>no</strong> Brasil aos seus caixeiros. Assim, com o<br />

acto de dissolução <strong>da</strong> "Coelho & Pereira", Casimiro Coelho, segundo o balanço, tinha<br />

direito à quantia de 194 contos, fazendo um abatimento de 44, pelo que recebia apenas<br />

150 contos188 . Esta verba seria paga em letras de 5 contos, a vencer uma <strong>no</strong> final de ca<strong>da</strong><br />

mês, a partir de Agosto de 1862. Na <strong>no</strong>va socie<strong>da</strong>de entravam, ao que tudo indica, outros<br />

caixeiros: Januário Bento Gonçalves Pereira189 , irmão de Miguel, e João Mendes Araújo.<br />

187 Trata-se de Severi<strong>no</strong> José Gonçalves Pereira, comerciante matriculado, estabelecido na rua de Santa<br />

Catarina, nº 101.<br />

188 Arredondámos aqui os números <strong>da</strong>s verbas, em réis <strong>no</strong> original (moe<strong>da</strong> brasileira)<br />

189 Que emigrara um a<strong>no</strong> antes de Miguel (passaporte obtido a 14.11.1850), com 16 a<strong>no</strong>s.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!