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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista<br />

linguagem para os técnicos alemães ou america<strong>no</strong>s que superintendem em empresas<br />

de capital estrangeiro, pois, hoje como ontem, a co<strong>no</strong>tação deriva de elementos como<br />

a massificação e baixa condição social16. Por outro lado, a teorização existente raramente se debruça de forma exclusiva<br />

sobre a <strong>emigração</strong> ou o <strong>retor<strong>no</strong></strong> (embora abundem os estudos empíricos sobre estes<br />

temas) para se centrar preferencialmente <strong>no</strong>s processos migratórios, já que o conceito<br />

de <strong>emigração</strong> agrega apenas uma co<strong>no</strong>tação político-administrativa, apresentando a<br />

mesma lógica <strong>da</strong>s migrações interiores. Como dizem Cardelus et al., " que a<br />

migração se realize para um lugar <strong>da</strong> mesma formação social ou para o estrangeiro<br />

não é uma questão central. As migrações interiores ou exteriores são origina<strong>da</strong>s por<br />

mecanismos similares, é um determinado funcionamento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de que provoca a<br />

deslocação". 17<br />

No caso português, esta similari<strong>da</strong>de, embora contesta<strong>da</strong> por diversos<br />

autores18, é tanto mais importante quanto põe em relevo a dimensão histórica do<br />

fenóme<strong>no</strong>, ou, na expressão de Godinho, a sua natureza estrutural19 . No Noroeste<br />

português, especificamente, as migrações sempre foram intensas, desde há séculos, o<br />

que obriga a sublinhar o seu carácter de resposta às condições internas e a relativizar<br />

o papel <strong>da</strong> atracção externa, esta fun<strong>da</strong>mentalmente responsável pela variação de<br />

desti<strong>no</strong>. No passado, em paralelo com movimentos inter<strong>no</strong>s de sentido Norte-Sul e de<br />

êxodo rural, a <strong>emigração</strong> sintoniza-se com a eco<strong>no</strong>mia de plantações e os processos<br />

de urbanização do Brasil, torna-se "latente" nas déca<strong>da</strong>s de 30 e 40 deste século e,<br />

recentemente, liga-se ao fenóme<strong>no</strong> de recuperação industrial <strong>da</strong> Europa do pós-<br />

guerra 20.<br />

A similari<strong>da</strong>de aponta<strong>da</strong> não pode ocultar a diversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s migrações, tudo<br />

dependendo <strong>da</strong> perspectiva de análise. Essencialmente dependente de critérios<br />

burocráticos, a demografia estabelece distinções muito níti<strong>da</strong>s entre migrações<br />

internacionais, sazonais, pendulares, de <strong>retor<strong>no</strong></strong>, temporárias ou definitivas, o<br />

movimento de refugiados, o êxodo rural ou as migrações transatlânticas <strong>oitocentista</strong>s,<br />

tudo dependendo de pressupostos baseados na distância e <strong>no</strong> tempo de migração21 .<br />

16 Cf., a este respeito, CARDELÚS, Jordi, OROVAL, Josep M. e PASCUAL, Angels, "Organizacion<br />

Social y Movimientos Migratorios", in PEREZ, Jose Cazorla, Emigracion y Retor<strong>no</strong> : una perspectiva<br />

europeia, Madrid, Instituto Español de Emigracion, 1981, p. 32.<br />

17 Idem, ibidem, p.36<br />

18 Não podemos esquecer que, nas migrações internacionais, os obstáculos administrativos, derivados<br />

<strong>da</strong>s políticas de imigração ou de <strong>emigração</strong>, podem assumir um papel determinante sobre o potencial<br />

migratório.<br />

19 GODINHO, V.M., ob. cit. Cf., ain<strong>da</strong> do mesmo autor, o texto " Para uma política de <strong>emigração</strong>",<br />

in As Ciências Humanas: Ensi<strong>no</strong> Superior e Investigação Científica em Portugal. Algumas achegas<br />

preliminares, Lisboa, Socie<strong>da</strong>de Portuguesa de Ciências Humanas e Sociais,1982, pp. 87-96.<br />

20 Fenóme<strong>no</strong> este que caracteriza, em geral, a <strong>emigração</strong> maciça <strong>da</strong> Europa meridional (Cf.<br />

CARDELUS et al., ob. cit., pp. 32-36)<br />

21 TAPINOS, Georges, Éléments de Démographie, Paris, Armand Colin,1985, pp. 153-170. Cf.<br />

POUSSOU, Jean-Pierre, "Les Mouvements Migratoires en France et a Partir de la France de la Fin du<br />

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