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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 254<br />

pouco a taxa, uma vez que a <strong>emigração</strong> era aí pesa<strong>da</strong> e com elevado analfabetismo (cerca<br />

de 70%) 82 , pelo que o Porto apresentava um diferencial para me<strong>no</strong>s que ron<strong>da</strong>va os 20%.<br />

Este quadro remete-<strong>no</strong>s obviamente para a situação escolar do século passado,<br />

colocando-<strong>no</strong>s interrogações sobre a relação deste analfabetismo emigratório com o <strong>da</strong><br />

população que permanecia em território nacional. A questão é esta: o fluxo emigratório<br />

era mais ou me<strong>no</strong>s letrado que a população residente, ou era apenas uma amostra<br />

representativa dessa população, apresentando níveis semelhantes? Toca-se, assim, a<br />

problemática <strong>da</strong> selecção social do emigrante, bem como a do capital huma<strong>no</strong> nele<br />

envolvido.<br />

Uma perspectiva compara<strong>da</strong> do analfabetismo, a diversos níveis, revela-<strong>no</strong>s que a<br />

<strong>emigração</strong> do distrito do Porto está longe de se reduzir às cama<strong>da</strong>s sociais me<strong>no</strong>s<br />

prepara<strong>da</strong>s em termos escolares (Quadro 5.11).<br />

Quadro 5.11 - Analfabetismo na população<br />

e na <strong>emigração</strong> (%)<br />

1878 1890 1900<br />

Continente 79,4 76,1 74,1<br />

Porto - rural (H) 63,4 64,6 58,9<br />

Porto - ci<strong>da</strong>de (H) 40,8 35,3 36,2<br />

Emigração Porto (H) 38,8 37,4 28,5<br />

Fontes : Ramos, Rui, "Culturas <strong>da</strong> alfabetização", ob. cit.<br />

Censos<br />

Sublinhemos, uma vez mais, que a <strong>no</strong>ssa análise tem uma incidência regional, o<br />

que limita a sua expressivi<strong>da</strong>de, mas <strong>da</strong>do o relevo que a <strong>emigração</strong> portuense assume <strong>no</strong><br />

contexto nacional e <strong>no</strong> prolongamento <strong>da</strong> rede migratória tradicional para o Brasil, é<br />

importante referir que este fluxo migratório é muito mais alfabetizado do que a população<br />

do Continente em geral, mas, sobretudo, é mais alfabetizado do que a população rural do<br />

distrito de origem. Curiosamente, os níveis de analfabetismo encontrados na <strong>emigração</strong><br />

são similares aos <strong>da</strong> população urbana, o que <strong>no</strong>s vem reafirmar a natureza complementar<br />

entre a <strong>emigração</strong> e o êxodo para a ci<strong>da</strong>de, conheci<strong>da</strong> que está a capaci<strong>da</strong>de de<br />

centripetação do Porto urba<strong>no</strong>, em que cerca de metade <strong>da</strong> sua população era de origem<br />

exterior. Estamos, assim, perante o reconhecimento <strong>da</strong>quilo que se pode conceber como<br />

uma <strong>no</strong>rma <strong>no</strong> êxodo rural, ou seja, o papel mobilizador <strong>da</strong> escolari<strong>da</strong>de, que leva a fugir<br />

dos campos precisamente os mais instruídos. O desti<strong>no</strong> pode ser a ci<strong>da</strong>de ou a <strong>emigração</strong>,<br />

82 Para além <strong>da</strong> estatística oficial, cf. SILVA,Fernando Emygdio <strong>da</strong>, ob. cit., pp. 196-198.

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