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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 295<br />

com a volumosa corrente de <strong>retor<strong>no</strong></strong>s, que, apesar de tudo, se verifica ? E que sentidos<br />

descortinar nesses <strong>retor<strong>no</strong></strong>s?<br />

O cerne <strong>da</strong> questão não estará em encontrar uma explicação genérica, mas sim em<br />

aceitar a multiplici<strong>da</strong>de de situações que este tipo de <strong>emigração</strong> envolveu. Autêntico<br />

"país excedente" que se transplantou, a <strong>emigração</strong> atravessou grupos e situações sociais,<br />

não tendo sido fruto de situações exclusivistas. Homens, mulheres e crianças de to<strong>da</strong>s as<br />

condições atravessaram o Atlântico na expectativa de alguma melhoria, uns<br />

responsabilizando o país e o seu tecido social, muitos empurrados pela família, outros<br />

assumindo eles próprios a decisão de emigrar. Nuns casos prevaleceu o isolamento e a<br />

individuali<strong>da</strong>de, <strong>no</strong>utros casos, porém, a família mobilizou-se, concentrou esforços para<br />

permitir a <strong>emigração</strong>, quantas vezes se endividou! Imagens diferentes que ficam nas<br />

pessoas que partem, a conjugar com as <strong>no</strong>vas situações, agradáveis e/ou decepcionantes,<br />

que a integração num <strong>no</strong>vo mundo impõe. Imagens que podem perdurar, sublimar-se ou<br />

reconverter-se face às vicissitudes do quotidia<strong>no</strong> e à instabili<strong>da</strong>de em que o "estrangeiro"<br />

sempre vive fora <strong>da</strong> terra natal.<br />

Quantos não diriam como António José de Amorim, remetendo a sua <strong>emigração</strong><br />

para o contexto familiar: "sendo o 7º filho do Casal coube-me em sorte ser o primeiro<br />

espelido <strong>da</strong> casa paterna". Com tirocínio comercial numa loja de Vila do Conde, chega<br />

ao Brasil por 1800, e, após diversas peripécias com a sua instalação, que o levaram a<br />

uma tentativa frusta<strong>da</strong> de estabelecimento em Inglaterra, dirá, em 1831, já negociante de<br />

<strong>no</strong>mea<strong>da</strong>, na sequência de tumultos anti-portugueses: "posto que eu seja aqui bem<br />

quisto; contudo não sei tambem o que me podera acontecer, por tanto ain<strong>da</strong> que não<br />

faço tenção de me retirar de Pernambuco como acima disse, salvo se a necessi<strong>da</strong>de<br />

urgir, quero sempre estar prevenido para o que possa acontecer." 1 Um balançar<br />

permanente entre os dois mundos, o do nascimento e o <strong>da</strong> adopção, com a hesitação a<br />

crescer quando nuvens tumultuosas tol<strong>da</strong>m o horizonte do negócio. O emigrante que<br />

partiu jovem e não tem encargos estritos de família conjugal tem comportamentos de<br />

nóma<strong>da</strong>, procura as oportuni<strong>da</strong>des, fixa-se <strong>no</strong>s oásis que lhe permitem algum ganho e<br />

estabili<strong>da</strong>de social, mas está sempre pronto a partir.<br />

1 Cf. AMORIM, Manuel, "Os Bonitos de Amorim - Primeiro capítulo <strong>da</strong> história de uma família<br />

benemérita", Póvoa de Varzim - Boletim Cultural, vol. XII, nº1, 1973, p.16

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