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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 328<br />

Ricardo Jorge deixou-<strong>no</strong>s um testemunho, vivido mas lúcido, sobre o papel<br />

social do "brasileiro" do século passado, enquadrando a "personagem viva que assomava<br />

e ascendia sobre o decair rapido <strong>da</strong>s classes predominantes do velho regime" <strong>no</strong>s seus<br />

traços mais identificadores, tal como o mostra a epígrafe com que se inicia este capítulo.<br />

Para os inícios do <strong>no</strong>sso século, já o autor reconhece o declínio do seu tipo<br />

"diferenciador", a sua fusão e confusão na massa comum, embora o quadro económico e<br />

social permanecesse idêntico, isto é, ain<strong>da</strong> muito dependente <strong>da</strong> <strong>emigração</strong>. Trata-se,<br />

porém, de uma interpretação maximalista, já que se há situações que se podem enquadrar<br />

na visão de Ricardo Jorge, há uma muitas outras que, não só não encaixam <strong>no</strong> paradigma<br />

assim definido, como podem mesmo, em sentido oposto, responsabilizar-se como<br />

elemento de sustentação desse "velho regime", por processos directos ou indirectos.<br />

Ora para identificarmos alguns dos múltiplos e peculiares contor<strong>no</strong>s do<br />

"brasileiro" impõe-se o recurso à varia<strong>da</strong> pesquisa heurística que forneceu a base<br />

documental deste trabalho e que permitiu uma colecção de biografias. Biografias que, na<br />

sua maior parte, são muito incompletas, colagem de <strong>no</strong>tícias, permanecendo grandes<br />

"buracos" nas teias de reconstituição dos percursos individuais. Se é difícil reconstituir as<br />

biografias de indivíduos a um nível paroquial, assumindo a conceptualização de modelos<br />

fechados, mais pe<strong>no</strong>sa é a tarefa de traçar os <strong>da</strong>dos identificadores de indivíduos que se<br />

movem num espaço aberto, muito alargado e fluído, com origem geográfica e social<br />

muito diversa, congraçando informações <strong>da</strong>s mais varia<strong>da</strong>s origens em tor<strong>no</strong> de<br />

referências <strong>no</strong>minativas, quase sempre muito precárias. Assim, se podemos dispor de<br />

mais de uma centena de milhar de referências <strong>no</strong>minais de parti<strong>da</strong>, já só estão disponíveis<br />

alguns milhares <strong>no</strong> campo do <strong>retor<strong>no</strong></strong>, e teremos de <strong>no</strong>s cingir a algumas centenas para<br />

situações em que seja possível saber algo mais do que o conhecimento <strong>da</strong>queles<br />

momentos, sem garantia de uma amostra qualifica<strong>da</strong>. O tratamento a seguir terá de ser<br />

agora de natureza qualitativa, procurando situar os comportamentos individuais <strong>no</strong>s seus<br />

contextos, aprofun<strong>da</strong>ndo os aspectos que parecem sobressair como mais relevantes, na<br />

intersecção <strong>da</strong> informação bibliográfica e documental com a biográfica.<br />

6.3.1 - Remessas monetárias<br />

O papel tradicional do refluxo monetário <strong>da</strong> <strong>emigração</strong> está mais do que<br />

sublinhado na literatura existente, já que se tor<strong>no</strong>u <strong>no</strong> principal sustentáculo do equilíbrio<br />

económico nacional, <strong>no</strong>mea<strong>da</strong>mente <strong>da</strong> balança de pagamentos. Infelizmente nunca foi<br />

possível, nem o será, avaliar os quantitativos <strong>da</strong>s transferências priva<strong>da</strong>s do Brasil para<br />

Portugal ao longo do século passado, a não ser através <strong>da</strong>s estimativas impressionistas

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