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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista<br />

XIX assistimos à aprendizagem <strong>da</strong> arte como uma <strong>da</strong>s formas de preparação que o<br />

emigrante poderia levar consigo, enriquecido, sob o ponto de vista de capital huma<strong>no</strong>,<br />

com a habili<strong>da</strong>de que lhe permitiria melhor inserção na socie<strong>da</strong>de de acolhimento, na<br />

segun<strong>da</strong> metade do século começa a generalizar-se a arte como alternativa à <strong>emigração</strong> e<br />

vice-versa. Torna-se, então vulgar, surgirem <strong>no</strong>s documentos testamentários situações<br />

deste último tipo, em que as dotações paternais ou se dirigem para o financiamento dos<br />

custos de <strong>emigração</strong> ou para os gastos com a aprendizagem. O artista já tirocinado<br />

poderá, naturalmente, emigrar mas terá de o fazer quase sempre à sua custa, com os<br />

lucros que entretanto obtiver <strong>no</strong> seu desempenho profissional, facto que leva ao atraso <strong>da</strong><br />

parti<strong>da</strong>, ou ao descurar <strong>da</strong> aprendizagem se as pressões para a parti<strong>da</strong> forem mais<br />

poderosas. Este último aspecto será ca<strong>da</strong> vez mais preponderante à medi<strong>da</strong> que a<br />

legislação militar apertar os níveis limites etários aos emigrantes. Como consequência,<br />

uma óbvia desclassificação profissional <strong>da</strong> <strong>emigração</strong>. De qualquer modo, sublinhe-se o<br />

facto de o artesanato não estar à disposição de qualquer um, embora existissem as artes<br />

mais e me<strong>no</strong>s <strong>no</strong>bres, com custos desiguais na aprendizagem. Para se ser artista, era<br />

necessário o empenho familiar, capaz de suportar os gastos iniciais. Um mundo que a<br />

industrialização progressiva e a transformação do trabalho em rotinas de apoio às<br />

máquinas veio esvaziar, lentamente, explicando o assomar à ci<strong>da</strong>de dos rurais pobres e<br />

impreparados profissionalmente para trabalhar nas fábricas.<br />

3.2.2 - Caixeiros<br />

Se a vi<strong>da</strong> dos "ofícios" era dura e custosa, não se deve pensar de modo diferente<br />

em relação aos "caixeiros", cujos derivativos intelectuais, perfeitamente casuísticos, não<br />

podem fazer esquecer que a força muscular era o ponto de parti<strong>da</strong>:<br />

"Moço de fretes, levava à cabeça ou ao ombro as mercadorias; animal de tiro,<br />

levava a fazen<strong>da</strong> aos empurrões do tórax contra a cabeceira dum carrinho de duas ro<strong>da</strong>s<br />

- um veículo de fazer tísicos - [...] moço alcoviteiro, recovava de cá para lá e de lá para<br />

cá as cartas de namoro, moço criado fazia todo ou quase todo o serviço doméstico,<br />

limpava a cozinha, acendia o lume para o peque<strong>no</strong> almoço, varria o estabelecimento, e,<br />

quando os meni<strong>no</strong>s eram tamani<strong>no</strong>s, adormecia-os a embalos rítmicos do berço" 18 .<br />

18 ALMEIDA, Henrique, O Marça<strong>no</strong> e o Caixeiro do Século XIX. Uma Obra., Porto, 1959, pp. 11-12.<br />

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