15.04.2013 Views

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 356<br />

Já atrás <strong>no</strong>s referimos às centenas de negociantes brasileiros na praça do Porto,<br />

sendo eles os principais responsáveis por um comércio com o Brasil que, <strong>no</strong> século XIX,<br />

era apenas uma sombra do que fora antes, mas ocupando, não obstante, um lugar<br />

preponderante <strong>no</strong> quadro <strong>da</strong>s exportações portuenses, só ultrapassado pelo do vinho do<br />

Porto. Neste contexto podemos dizer que a grande maioria dos proprietários de veleiros<br />

do Porto <strong>no</strong>s meados do século passado eram, necessariamente, pessoas intimamente<br />

liga<strong>da</strong>s ao Brasil, mas um número considerável era mesmo constituído por "brasileiros",<br />

isto é, por indivíduos que tendo iniciado a sua vi<strong>da</strong> comercial <strong>no</strong> Brasil se instalaram<br />

depois <strong>no</strong> Porto e se dedicavam a animar esse tráfico veleiro. O conde de Ferreira, por<br />

exemplo, que antes do cabralismo e do seu e<strong>no</strong>brecimento se assumia como negociante,<br />

fazia navegar o seu brigue "Activo" e participava em socie<strong>da</strong>de <strong>no</strong> "Orestes". Socie<strong>da</strong>des<br />

informais eram uma fórmula usual na congregação de peque<strong>no</strong>s interesses que tornavam<br />

viáveis as viagens de algumas embarcações: José de Azevedo Carneiro era "senhor de um<br />

quarto <strong>da</strong> barca Flor <strong>da</strong> Maia, de cujo quarto não tenho título algum, porem confio em<br />

meus socios que são Manuel de Azevedo Maia, <strong>da</strong> freguesia de Fajozes, João <strong>da</strong> Silva<br />

Moreira, <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Pernambuco, Manuel Pereira Pena <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de do Porto" 108 .<br />

Francisco Gomes de Carvalho, <strong>da</strong> Praça Carlos Alberto, mas natural de S. Simão <strong>da</strong><br />

Junqueira (Vila do Conde), do<strong>no</strong> <strong>da</strong> conheci<strong>da</strong> barca "Flor de S. Simão", declarava, à<br />

hora <strong>da</strong> morte, que a dita embarcação pertencia à firma Carvalho & Irmão, de<br />

Pernambuco, um estabelecimento de açúcar que ele tinha com o irmão, fazendo, assim,<br />

navegar a barca como se fosse portuguesa109 . Se procurarmos, por exemplo, <strong>no</strong><br />

almanaque de 1844 os do<strong>no</strong>s <strong>da</strong>s embarcações <strong>da</strong> praça portuense que navegavam para o<br />

Brasil, pelo me<strong>no</strong>s 14 <strong>da</strong>s 38 lista<strong>da</strong>s eram de negociantes "brasileiros", segundo<br />

identificação que peca por defeito. Deve dizer-se que deste tráfico veleiro descendem<br />

alguns desenvolvimentos industriais: A.J. Andrade Villares, já referenciado em capítulo<br />

anterior como agente <strong>da</strong> Comissão Central de Colonização do Rio de Janeiro, responsável<br />

pelo engajamento de colo<strong>no</strong>s, ele próprio antigo emigrante, será o do<strong>no</strong> de uma fábrica<br />

de pão de trigo e bolacha (não esqueçamos a ligação ao fornecimento dos navios) e que,<br />

<strong>no</strong> Inquérito de 1881, aparecia já como uma moagem a vapor, cujas ramificações vieram<br />

até aos <strong>no</strong>ssos dias.<br />

Já em 1835, quando <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção do Banco Comercial do Porto, a participação dos<br />

"brasileiros" <strong>da</strong> praça do Porto vai ter alguma importância. Apesar de só detectarmos 21<br />

subscritores declara<strong>da</strong>mente "brasileiros" com um total de 543 acções (o banco tinha de<br />

capital 2000 contos, dividido em 10 mil acções, mas inicialmente só foram admitidos<br />

108 A.H.V.C., Livro de Registo de Testamentos, nº 3190, pp. 149-151 (a<strong>no</strong> de 1857).<br />

109 Idem, ibidem, nº 3190, pp. 129-131.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!