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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista<br />

nesta Província e, e, especial na ci<strong>da</strong>de, a partir dos a<strong>no</strong>s 50, com aspectos negativos à<br />

medi<strong>da</strong> que a iniciativa económica se vai transferindo para outros Estados do Brasil. Só<br />

<strong>no</strong>s finais do século a zona de Manaus (na Amazónia) e S. Paulo emergem como<br />

alternativas de desti<strong>no</strong> a esta <strong>emigração</strong>, mas ain<strong>da</strong> timi<strong>da</strong>mente, apesar do já adiantado<br />

estado de desenvolvimento <strong>da</strong> região industrial paulista, imposto pela dinâmica do café.<br />

No campo do <strong>retor<strong>no</strong></strong>, foi possível, ao longo <strong>da</strong> investigação, matizar o quadro<br />

tradicional, levando-<strong>no</strong>s a aceitar, com base em informações oficiosas e processos<br />

indirectos, a sua grande importância, pois não terá an<strong>da</strong>do longe dos 30 a 50%, conforme<br />

as épocas e desti<strong>no</strong>s, apesar de ser um fenóme<strong>no</strong> geralmente minimizado. Neste contexto,<br />

avaliou-se ain<strong>da</strong> a importância crescente dos fenóme<strong>no</strong>s de re<strong>emigração</strong>, que a partir dos<br />

a<strong>no</strong>s 70, com a banalização <strong>da</strong>s viagens pelo vapor, se transforma num <strong>da</strong>do importante,<br />

a baralhar estatísticas e projectos quantitativistas de análise: encontrou-se um nível de<br />

7% para as saí<strong>da</strong>s repeti<strong>da</strong>s, <strong>no</strong> período entre 1836-1879, mas deve acentuar-se o facto<br />

de esta ser uma prática que incide sobremaneira nesta última déca<strong>da</strong>, indiciando o seu<br />

crescimento para os tempos posteriores, como o conhecimento biográfico <strong>no</strong>s evidencia,<br />

com diversos casos a confirmarem este fenóme<strong>no</strong>. Então, para um número crescente de<br />

indivíduos, a <strong>emigração</strong> transatlântica assume uma configuração de pendulari<strong>da</strong>de<br />

alarga<strong>da</strong>, embora com bastante irregulari<strong>da</strong>de, ao sabor de crises locais e de projectos<br />

individuais de peque<strong>no</strong>s investimentos, a que a oscilação cambial dos finais do século<br />

também não é estranha. Retorna-se do Brasil com peque<strong>no</strong>s capitais e após curtas<br />

estadias, e volta-se, de <strong>no</strong>vo, ao Brasil, quando o capital se esgotou ou não se reproduziu<br />

segundo as expectativas em causa, quando o câmbio baixou de tal modo que sorveu as<br />

ren<strong>da</strong>s provenientes do outro lado, ou ain<strong>da</strong> face à necessi<strong>da</strong>de inespera<strong>da</strong> de <strong>no</strong>vas<br />

injecções de capital em uni<strong>da</strong>des agrícolas ou outros estabelecimentos.<br />

Na dispersão geográfica dos <strong>retor<strong>no</strong></strong>s verificou-se a sua maior fixação <strong>no</strong> litoral,<br />

na ci<strong>da</strong>de e à sua volta, sobretudo por parte dos mais endinheirados, reconhecendo-se o<br />

papel dinâmico de muitos "brasileiros" após o seu <strong>retor<strong>no</strong></strong>. Da casa de lavoura, amplia<strong>da</strong><br />

e rejuvenesci<strong>da</strong>, à fábrica urbana e, sobretudo, às companhias financeiras, não faltaram<br />

exemplos de participação do capital <strong>da</strong> <strong>emigração</strong>, em muitos casos determinante para a<br />

animação económica de certos sectores. Reconheceu-se, muito embora, que as grandes<br />

iniciativas <strong>da</strong>s companhias por acções se desenvolveram dentro de um contexto<br />

accionista, movido por um peque<strong>no</strong> grupo de <strong>no</strong>mes, numa tendência oligárquica com<br />

alguma re<strong>no</strong>vação, que procura mobilizar o capital de outros e que se multiplica em<br />

cargos de direcção nas mais diversas firmas. Este processo dá-se em íntima aliança entre<br />

os "leaders" <strong>da</strong> burguesia local e os capitalistas retornados do Brasil. Não admira, por<br />

isso, que os "brasileiros" que tinham de gerir pecúlios relativamente peque<strong>no</strong>s, os quais<br />

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