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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 330<br />

surgindo <strong>no</strong> Porto o Banco União (1862), o Banco Aliança (1863), a Nova Companhia<br />

Utili<strong>da</strong>de Pública (1864), multiplicando-se por dois e três o valor <strong>da</strong>s diversas operações<br />

dos bancos com sede <strong>no</strong> Porto, para decrescerem a partir de 1865. 52 Esta abundância de<br />

capitais em Portugal, "uma <strong>da</strong>s causas do enthusiasmo, que se tem manifestado pela<br />

formação de instituições bancarias, em especial e quasi exclusivamente pelas que se<br />

destinam a emissão e desconto" está directamente liga<strong>da</strong> ao <strong>retor<strong>no</strong></strong> de "brasileiros" 53 ,<br />

alguns dos quais, para além de subscritores, vão assumir cargos directivos, como é, por<br />

exemplo, o caso do Visconde de Pereira Machado ou de Pinto Leite, <strong>no</strong> "União". Mesmo<br />

que os "brasileiros" não liderem as instituições são avi<strong>da</strong>mente procurados e invocados<br />

para fazerem funcionar as suas redes de conhecimentos e conseguirem canalizar através<br />

dos bancos respectivos as remessas do Brasil.<br />

Mas, <strong>no</strong> Brasil, a corri<strong>da</strong> aos balcões <strong>da</strong> casa Souto provocou um movimento<br />

idêntico a outros bancos, arrastando alguns deles à falência. Medi<strong>da</strong>s de emergência<br />

foram, então adopta<strong>da</strong>s, entre elas a do curso forçado <strong>da</strong>s <strong>no</strong>tas do Banco do Brasil, numa<br />

prática de circulação de papel-moe<strong>da</strong> que se prolongará posteriormente, sendo uma <strong>da</strong>s<br />

razões <strong>da</strong> instabili<strong>da</strong>de cambial que o Brasil veio a conhecer. A tendência depressiva<br />

acentua-se com a guerra contra o Paraguai que estala logo a seguir (1864) e vai durar até<br />

1870, absorvendo homens e capitais, debilitando a activi<strong>da</strong>de económica. Um indicador<br />

claro é a baixa do câmbio sobre Londres, que decai quase para metade entre 1864-186854 .<br />

Assim, já em 1865 se reconhecia <strong>no</strong> Porto:<br />

"A crise do Brasil collocou Portugal em má posição para sal<strong>da</strong>r as suas contas<br />

internacionaes. A Inglaterra era um paiz a que enviavamos letras que recebiamos d'além<br />

mar. Faziamos como nas "clearing-houses", e tinhamos a vantagem de recebermos<br />

muitas letras, já para meza<strong>da</strong>s que o amor de familia enviava, ja para transferencias de<br />

fundos de pessoas que voltavam ao berço patrio. Extinctos esses meios e alterado o<br />

systema de commercio, vimos e estamos vendo o cambio desvantajoso, e o dinheiro indo<br />

barra fora para o <strong>no</strong>rte" 55 .<br />

A persistência <strong>da</strong> recessão e o reconhecimento <strong>da</strong> "dependencia em que se acha o<br />

commercio do Porto e do rei<strong>no</strong> do estado prospero ou desfavoravel <strong>da</strong>s praças do<br />

Brazil" levam um articulista, em 1868, a criticar a falta de acção para sair "d'este<br />

marasmo em que ha tanto vivemos, esperando sempre que do Brazil volte o que o Brazil<br />

costumava <strong>da</strong>r-<strong>no</strong>s", ao mesmo tempo que comentava o facto de os jornais continuarem a<br />

52 Cf. Annaes de Estatistica, Estatistica Bancaria (1858-1892), Lisboa, Imprensa Nacional, 1894, pp.3 e 8.<br />

53 Cf. SÁ, Ribeiro de, "Lanifícios -II", C.P., 6 de Junho de 1864.<br />

54 Em 1864 a cotação mais baixa tinha sido de 253/4 pences (por mil réis); em 1868 será de 14.<br />

55 In "Elevação <strong>da</strong> taxa de juro", C.P., de 22 de Agosto de 1865.

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