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emigração e retorno no porto oitocentista - Repositório Aberto da ...

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Jorge Fernandes Alves – Os Brasileiros, Emigração e Retor<strong>no</strong> <strong>no</strong> Porto Oitocentista 375<br />

altura do seu falecimento, em 1866, este e outros legados (como o do Hospital de<br />

Alienados) do velho Conde, co<strong>no</strong>tado com o cabralismo e há muito afastado <strong>da</strong> ribalta<br />

pública, representaram um abanão para a opinião pública, sobretudo como exemplo de<br />

que a cari<strong>da</strong>de também se podia exercer pela construção de escolas, e não apenas através<br />

de obras de pie<strong>da</strong>de153 . Sabe-se como as escolas de antigamente, entre outras debili<strong>da</strong>des,<br />

tinham <strong>no</strong> edifício o maior "handicap", pois raramente possuíam casa própria,<br />

improvisando-se em casas aluga<strong>da</strong>s, sem o mínimo de condições higiénicas e<br />

pe<strong>da</strong>gógicas (mobília, espaço, arejamento, iluminação).<br />

Na altura, o gover<strong>no</strong> (através de Martens Ferrão), e de acordo com os<br />

testamenteiros, publicou legislação especial (lei de 27 de Junho de 1866), estabelecendo<br />

que para concorrer ao legado as câmaras municipais dispusessem de uma verba de<br />

400$000 réis para acrescentar à lega<strong>da</strong>. A própria lei estipulava o pla<strong>no</strong> de obras e de<br />

mobília, estabelecendo, deste modo, um modelo arquitectónico escolar que ain<strong>da</strong> hoje<br />

funciona em muitos casos e que se tor<strong>no</strong>u modelar em Portugal, generalizando-se o<br />

modelo de construção para além do legado estipulado. Se a acção filantrópica que<br />

merece maior destaque do Conde de Ferreira é uma obra póstuma, houve situações em<br />

que a construção de escolas se desenvolveu ain<strong>da</strong> em vi<strong>da</strong>, num processo <strong>da</strong>divoso que<br />

culminava na <strong>no</strong>bilitação ou, pelo me<strong>no</strong>s, na comen<strong>da</strong>: já citamos atrás o caso <strong>da</strong> Maia,<br />

com o Visconde de Barreiros, e outros poderiam ser referidos, por exemplo, o do Conde<br />

de S. Bento, em S. Tirso, ou o do Visconde de Santa Marinha, em Ferreiró (Vila do<br />

Conde).<br />

Mais modestos, muitos serão os "brasileiros" ou seus familiares que, segundo a<br />

medi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s suas posses, contribuem para a criação do parque escolar português. No<br />

distrito do Porto, se corrermos as freguesias rurais, não é raro encontrarem-se ain<strong>da</strong> os<br />

edifícios destas velhas escolas, algumas ain<strong>da</strong> em funcionamento, outras a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s já a<br />

<strong>no</strong>vas funções ou em estado de ruína. Algumas delas, tem <strong>no</strong> cimo a estatueta do<br />

fun<strong>da</strong>dor ou, mais simplesmente, o seu <strong>no</strong>me gravado em relevo numa placa (veja-se o<br />

caso do Muro ou de S. Paio de Guimarei, em S. Tirso). Outras, porém, são anónimas e só<br />

os documentos antigos guar<strong>da</strong>m as referências a estas obras filantrópicas. Noutros casos,<br />

são "brasileiros" que se congregam para dinamizar a iniciativa, contribuindo do seu<br />

próprio bolso e apelando às suas relações <strong>no</strong> Brasil, como aconteceu, por exemplo em<br />

Avintes154 . Em Leça <strong>da</strong> Palmeira, é Maria Francisca dos Santos Araújo, irmã de José<br />

experimentado as vivências <strong>da</strong> <strong>emigração</strong>.<br />

153 Idem, ibidem, pp.. 195-201.<br />

154 Cf. "Propagan<strong>da</strong> <strong>da</strong> instrucção", C.P. de 16 de Novembro de 1881. Cf. também "Escolas primarias nas<br />

freguesias de Avelãs <strong>da</strong> Ribeira", C.P., de 17 de Julho de 1879.

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