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Untitled - Universidade do Minho

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incumbência de reunir-se na igreja ou local apropria<strong>do</strong> e com a presença de um franciscano ou<br />

clérigo, escutavam a leitura de um livro de devoção, a partir <strong>do</strong> qual obtinham um tema para<br />

contemplação, posteriormente – com as luzes apagadas – realizavam a “disciplina”. Fustigar o<br />

corpo para obter a remissão <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>s consistia numa tarefa fundamental para atingir a<br />

salvação. Também, assegurar acesso as indulgências concedidas a família seráfica. Observar os<br />

exercícios especifica<strong>do</strong>s aos terceiros lhes garantia obter os mesmo privilégios que a ordem<br />

mendicante. Durante a prática disciplinar os irmãos rezavam o Miserere mei Deus, a Nossa<br />

Senhora e pelas almas <strong>do</strong> purgatório. Evidente recordação da morte, nesse momento a<br />

lembrança da finitude da vida e da necessidade de reconciliação com a divindade por meio de<br />

sanções corporais purificavam o espírito <strong>do</strong> fiel. Essas atividades ampliavam-se nos momentos<br />

destina<strong>do</strong>s à expiação <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>s. Durante a Quaresma, as “disciplinas” ocorriam três vezes<br />

por semana (segundas, quartas e sextas) e na Semana Santa os encontros sucediam-se to<strong>do</strong>s os<br />

dias. 10 O senti<strong>do</strong> penitencial incorpora<strong>do</strong> na instituição, buscan<strong>do</strong> auxiliar seus membros a<br />

salvar suas almas, justificava a aplicação desses exercícios, lembran<strong>do</strong> a auto-flagelação<br />

medieval. 11 Consideradas entre os principais objetivos <strong>do</strong>s terceiros franciscanos, “a penitência e<br />

mortificação corporal com certos dias de disciplinas e jejuns e cilicios” 12 auxiliavam fortemente<br />

no engrandecimento espiritual almeja<strong>do</strong> por aqueles desejosos <strong>do</strong> paraíso.<br />

Segui<strong>do</strong> a questão <strong>do</strong>s exercícios religiosos, os autores expõem a forma das eleições<br />

para os cargos da Mesa. Devi<strong>do</strong> a importância das eleições para a vivência e desenvolvimento da<br />

instituição, posteriormente analisaremos cautelosamente tal processo.<br />

Porém, juntamente com a nomeação <strong>do</strong>s novos membros da Mesa, as ordenações<br />

recomendavam que o antigo secretário desse conta aos presentes <strong>do</strong>s gastos realiza<strong>do</strong>s durante<br />

aquele ano, arrolan<strong>do</strong> o dispêndio com os irmãos pobres e enfermos, em obras de caridade e<br />

esmolas “pera que ven<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s a fidelidade no gasto, se animem a fazelas mayores, lerseha o<br />

10 SÃO LUIS, António de; MONTE OLIVETE, Manoel <strong>do</strong> – Regra <strong>do</strong>s Irmãos Terceiros da Sancta, & veneravel Ordem<br />

Terceira da Penitencia…, p. 62.<br />

11 A respeito da penitência e o hábito da auto-flagelação leia-se BETHENCOURT, Francisco – Penitência. In AZEVEDO,<br />

Carlos Moreira (Dir.) - Dicionário de História Religiosa de Portugal. vol. 3. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000. p. 426;<br />

BOSSY, John – A cristandade no Ocidente 1400-1700. Lisboa: Edições 70, 1990. p. 71.<br />

12 SÃO FRANCISCO, Luís de – Que contem tu<strong>do</strong> o que toca a origem, regra, estatutos, cerimonias, privilégios,<br />

progressos da sagrada Ordem Terceira de nosso seraphico padre São Francisco. Lisboa: Oficina Miguel Deslandes,<br />

1684. p. 86.<br />

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